Novas tecnologias salvam vidas em naufrágios

Novas tecnologias salvam vidas em naufrágios
De  Euronews
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Quando acontecem tragédias como o recente naufrágio na Coreia do Sul ou o do Costa Concordia, ocorrido em janeiro de 2012, no litoral da Itália, repetem-se situações sememlhantes. Centenas de pessoas perdem a vida durante a evacuação de navios naufragados, quando o caos e o pânico se instalam. Será que as novas tecnologias permitiriam salvar mais vidas humanas?

Nesta edição de Futuris, fomos conhecer o projeto LYNCEUS, que procura desenvolver um sistema de sensores sem fios que permitam localizar cada uma das pessoas a bordo de um navio e coordenar operações de salvamento mais rápidas e com uma coordenação mais eficiente.

As novas tecnologias permitem evitar situações de caos nos processos de evacuação de navios e é isto que procuram desenvolver os investigadores envolvidos no projeto LYNCEUS.

Numa situação de emergência, a referência, para o capitão, é o mapa do navio. Este mapa não mostra porém a localização dos passageiros e da tripulação. Caso existam áreas sem acesso, pode não haver forma de saber se lá dentro estão passageiros encurralados.

O apoio do mapa de papel e da vigilância que asseguram os membros da tripulação é o método atualmente utilizado, segundo o comandante das operações marítimas dos cruzeiros Louis Cruises,Vassilis Gazikas:
“Temos de nos apoiar nos relatórios da tripulação. Cada membro da tripulação tem a responsabilidade de vigiar uma determinada área e de informar a central de evacuação, que por sua vez informa a equipa de coordenação. Vamos assim acompanhando a situação nas diferentes áreas.”

Especialistas de vários países associaram esforços para um projeto europeu de investigação que está apostado em desenvolver uma série de soluções tecnológicas que podem combinar-se para tornar as evacuações de navios mais rápidas e melhor organizadas.

O sistema criado por esta equipa foi-nos explicado pelo responsável técnico do projeto LYNCEUS, Tasos Kounoudes, engenheiro eletrónico e diretor geral da SignalGeneriX:
“Desenvolvemos sensores sem fios que podem ser incorporados nos coletes salva-vidas, para permitir a localização das pessoas no navio e dar às equipas de salvamento a localização exata de cada passageiro e de cada membro da tripulação, durante o resgate.”

Para tornar isto possível, os investigadores introduziram novos sensores de fumo, criados para este projeto, capazes de criar uma rede sem fios em todo o navio.

Este sistema permite localizar os sensores dos coletes salva-vidas em tempo real. A localização atual de cada pessoa a bordo é transmitida ao capitão – permitindo assim tomar decisões mais rapidamente.

Segundo Antonis Kalis, responsável de telcomunicações na SignalGeneriX, foi assim conseguido um utensílio muito mais funcional que o tradicional mapa de papel:
“Este mapa é semelhante ao de papel, pode por isso ser usado sem exigir muito treino prévio. A diferença é que a versão eletrónica nos permite saber onde se encontra cada pessoa, podemos fazer zoom nas várias cabines, para saber quantas pessoas ali estão e onde extamente se encontram. É um instrumento muito mais funcional que um mapa de papel.”

A tripulação consegue identificar e contar as pessoas resgatadas, usando um aparelho portátil, em vez de procurar nas listas de nomes. O mesmo sensor pode ser usado com uma bracelete, permitindo encontrar a pessoa mesmo se não é um caso de emergência.

“A bracelete tem ainda a capacidade de vigiar o estado de saúde da pessoa, se for necessário, o que é ideal para alguém com problemas de saúde. E é muito útil também quando os pais querem conhecer a localização dos filhos no navio”, sublinhou Zacharias Siokouros, diretor do Instituto Marítimo do Mediterrâneo Oriental.

A existência de um sistema que cobre todo o navio não garante a localização de alguém que ficou fora do alcance da rede sem fios do navio, por ter caído à água.

Uma questão de grande importância, pois muitas vítimas de naufrágio morrem de hipotermia antes de serem encontradas.

Os investigadores desenvolveram aparelhos que refletem os sinais de radar, permitindo detetar a localização de cada uma das vítimas.

Markus Schulz, especialista em circuitos integrados da Universidade de Tecnologia de Dresden, explicou que, quando há um passageiro na água, “Este aparelho envia um sinal eletrónico ao sensor que está no colete salva-vidas do passageiro, recebendo uma resposta. A velocidade desta resposta indica-nos a que distância está o náufrago”.

Os novos instrumentos eletrónicos – compactos, sem fios e de baixo consumo energético, podem tornar as operações de salvamento no mar mais seguras e melhor organizadas, prevenir o pânico e salvar mais vidas humanas. É este o objetivo que reuniu esta equipa de investigadores para trabalhar no projeto LYNCEUS.

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