Putin afirma que a Rússia já ultrapassou o pior e está de novo a crescer

Putin afirma que a Rússia já ultrapassou o pior e está de novo a crescer
De  Francisco Marques com Reuters, Lusa, AFP, EFE
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13.a edição de "Linha Direta com Vladimir Putin", conferência anual onde o líder do Kremlin responde a perguntas dos cidadãos

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O Presidente da Rússia passou esta quinta-feira aos concidadãos uma mensagem positiva sobre o estado atual do país.

Na já habitual conferência anual “Linha Direta com Vladimir Putin”, em que responde a perguntas endereçadas pelos cidadãos, o líder do Kremlin, de 62 anos, focou-se na economia e minimizou o impacto no país das sanções do ocidente por causa da Ucrânia e da queda do preço do petróleo, sustentando que a Rússia está de novo em sentido ascendente.

The Russian economy is steadily growing despite #sanctions: GDP climbed 0.6%, oil output reached record highs, crop yields are good #Putin

— President of Russia (@KremlinRussia_E) 16 abril 2015

Economic recovery may be evident in Russia in less than two years #Putin#DirectLine

— President of Russia (@KremlinRussia_E) 16 abril 2015

“O rublo estabilizou e fortaleceu-se”, referiu Putin em várias das suas respostas, citando alguns “especialistas” que terão garantido que “o pior já passou” para a economia da Rússia. A recente valorização da divisa nacional depois da forte quebra do ano passado para mínimos históricos, foi o principal argumento para sustentar que a Rússia, afinal, está bem e a crescer. Os sinais levam Putin a concluir que num prazo de dois anos a economia russa reentrará no verde.

Dificuldades geram oportunidades

O setor empresarial russo tem sido fortemente afetado pelas sanções, externas e internas. O ocidente impôs várias limitações económicas à Rússia, o Kremlin respondeu com a proibição de importação de variados produtos estrangeiros, nomeadamente alimentares.

“Já disse aos empresários que é pouco provável o levantamento das sanções porque isto é simplesmente uma questão política. Tem a ver com cooperação estratégica e destina-se à contenção do nosso desenvolvimento por parte de alguns dos nossos parceiros”, alegou Putin, acrescentando que os bloqueios ocidentais “já não estejam relacionados com o conflito da Ucrânia.”

We will continue to support our agricultural industry using competitive methods to substitute European foods in our market #Putin

— President of Russia (@KremlinRussia_E) 16 abril 2015

Putin ouviu também perguntas de agricultores e empresários. O Presidente procurou tranquiliza-los, mentalizando-os para apostar no próprio desenvolvimento. “Temos de aguentar as sanções, mas podemos aproveitar a atual situação para alcançar novos níveis de desenvolvimento. A substituição das importações pela produção local não seria possível se não fossem estas sanções”, destacou, esperando que as limitações impostas pelo ocidente “ajudem a desenvolver também as indústrias de alta tecnologia.”

Venda de mísseis ao Irão e recusa francesa

O recente acordo de venda de mísseis ao Irão, que tão mal caiu ao ocidente – nomeadamente aos Estados, à União Europeia e, sobretudo, a Israel – foi também abordado. Putin não se mostrou preocupado com o mal-estar alheio.

“O fornecimento destes sistemas de misséis S-300 não faz parte da lista de sanções das Nações Unidas. Tínhamos parado este fornecimento em 2010 de forma unilateral. Mas, agora, os avanços no acordo do grupo P5+1 em torno do programa nuclear iraniano são positivos e todos dizem que o acordo está fechado. Por isso, não vemos motivos para manter esta limitação negocial”, revelou.

Delivering S-300 air-defence systems to #Iran carry no threat to #Israel, they are defence weapons only – the President

— President of Russia (@KremlinRussia_E) 16 abril 2015

Sobre a recusa da França em cumprir um acordo de 1,2 mil milhões de euros para fornecer à Russia dois navios Mistral porta-helicópteros, Putin não se mostrou melindrado e entende que a defesa russa não será afetada. Nem sequer mostrou intenção de exigir qualquer indemnização: “Acredito que os líderes franceses, e a França em geral, são boas pessoas e que vão devolver o nosso dinheiro.”

Putin on the rumours that Russian troops are deployed in #Ukraine: I want to make this clear, there are no Russian forces in Ukraine

— President of Russia (@KremlinRussia_E) 16 abril 2015

Sobre a Ucrânia, garantiu: “Não há tropas russas envolvidas no conflito” e o Kremlin “está a fazer tudo pela aplicação dos acordos de Minsk” no leste ucraniano. Ao mesmo tempo, Putin acusou Kiev de estar a tentar isolar a região de Donbass, ao decidir cortar varias regalias sociais aos residentes desta região controlada pelos separatistas.

A war between #Russia and #Ukraine is impossible – #Putin#DirectLine

— President of Russia (@KremlinRussia_E) 16 abril 2015

Esta foi a 13.a edição de “Linha Direta com Vladimir Putin”. Há um ano, o Presidente russo esteve quase quatro horas a responder aos cidadãos e, em 2013, quase chegou às cinco horas. Um porta-voz do Kremlin garantiu terem sido recebidas quase dois milhões de questões.

Apesar do controlo apertad da emissão televisiva, foi notório o desconforto de muitos dos russos interlocutores face à atual situação do país. Até algumas questões dos próprios apresentadores pareceram incomodar o Presidente. Putin passou uma mensagem positiva, a questão é se os recetores a receberam como tal.

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