O líder do ainda recente partido espanhol Podemos, Pablo Iglesias, revelou esta sexta-feira ter aceitado o pedido de demissão de Juan Carlos
O líder do ainda recente partido espanhol Podemos, Pablo Iglesias, revelou esta sexta-feira ter aceitado o pedido de demissão de Juan Carlos Monedero. O fundador e até aqui número 3 do partido de esquerda afirmou quinta-feira, pouco antes de avançar com o pedido de demissão junto do secretário-geral, sentir-se “desiludido” com o Podemos e, numa entrevista à Radiocable, afirmou que o partido “começa a parecer-se” com as formações políticas de que queria ser alternativa.
Le he presentado a mi amigo Pablo la dimisión en la dirección. Siguen firmes mi amistad con alguien tan grande y el compromiso con Podemos.
— Juan Carlos Monedero (@MonederoJC) 30 abril 2015
Durante a apresentação do candidato do Podemos às eleições autonómicas da Comunidade de Madrid, marcadas para 24 de maio, o mesmo dia das municipais, Pablo Iglesias confirmou o “divórcio” do amigo.
“Como podem imaginar, é algo enormemente doloroso.
O Juan Carlos não era só um camarada há muito tempo, ele é um dos meus melhores amigos. Foi e é uma figura determinante para as nossas biografias políticas e, por conseguinte, para o Podemos”, afirmou o líder do partido fundado em janeiro do ano passado e que, com apenas quatro meses de existência, logrou conseguir cinco assentos no Parlamento Europeu.
Orgulloso de ser tu amigo Juanqui. Gracias compañero http://t.co/TFttHGzcVm vía MonederoJC</a></p>— Pablo Iglesias (
Pablo_Iglesias_) 1 maio 2015
Sobre as críticas de Monedero, Iglesias disse valoriza-las, embora não concorde com a alegada reorientação do Podemos para se tornar um partido “da casta”, termo utilizado em Espanha para definir os partidos que alternam o poder.
“Não deixam de ser [críticas] enormemente valiosas. A crítica de Juan Carlos é importante para nós. Necessitamos de um Juan Carlos a voar e com muito mais liberdade para fazer o que faz melhor, que é pôr o dedo na ferida”, acrescentou.
Para mi amigo Pablo. http://t.co/qgRBLbFLtm
— Juan Carlos Monedero (@MonederoJC) 30 abril 2015
A imprensa espanhola fala em crise política no Podemos. O jornal El País, por exemplo, garante que Monedero não está sozinho nas críticas à alegada reorientação do partido. Estas cisões acontecem em ano crucial para a política espanhola. Para além das já citadas eleições autonómicas e municipais, o Podemos terá ainda pela frente as eleições catalãs, a 27 de setembro, e no final do ano as eleições gerais, ainda sem data definida.
[ Consulte aqui o calendário eleitoral espanhol elaborado pelo jornal El Mundo ]
Monedero acusado de promiscuidade com a Venezuela
Juan Carlos Monedero tem 52 anos, é professor de Ciência Política na Universidade Complutense, de Madrid, escritor e um politólogo reconhecido.
No início do ano, Juan Carlos Monedero viu-se envolvido numa polémica devido a acusações de que usou 425 mil euros que recebeu de governos sul-americanos [por trabalhos de consultoria política] para financiar ilegalmente o seu partido.
El PP y PSOE exigen a Podemos que explique sus negocios con Venezuela o Irán
http://t.co/mdfdLtGQqOpic.twitter.com/zaqC0twSxU
— Atlántico Diario (@AtlanticoDiario) 21 janeiro 2015
Os restantes partidos – especialmente o PP (no poder) e o PSOE (oposição) – acusaram o Podemos de estar a ser financiado por governos de outros países, nomeadamente pelo governo Venezuelano de Nicolas Maduro e exigiram que Monedero mostrasse os trabalhos feitos para esses governos e a respetiva fatura, algo que até hoje não fez.
O Podemos nega ter sido financiado pelo governo de Nicolas Maduro, para o qual vários dos seus dirigentes prestaram serviços de consultoria.