A incerteza da Fed e o petróleo do Iraque

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Tal como era esperado, a Reserva Federal manteve as taxas de juro no mesmo patamar. A presidente do organismo, Janet Yellen, não estabeleceu nenhum

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Tal como era esperado, a Reserva Federal manteve as taxas de juro no mesmo patamar. A presidente do organismo, Janet Yellen, não estabeleceu nenhum horizonte para uma possível subida, deixando o caminho aberto a todas as especulações.

Após a divulgação do banco central, a ansiedade tomou conta dos mercados: o dólar caiu abruptamente, levando o ouro a acumular ganhos bastante significativos. E de que forma se ressentiram os mercados do Médio Oriente?

A incerteza americana: Estratégia ou pura ambiguidade?

Já passaram mais de oito meses desde o final do programa de flexibilização quantitativa nos Estados Unidos. Mas a Reserva Federal americana continua a adiar a tão prometida subida das taxas de juro. No anúncio feito, Janet Yellen não afastou o clima de incerteza e afirmou que os mercados não devem dar tanta importância ao próximo movimento ascendente das taxas.

Segundo a presidente do banco central, “o timing da primeira subida é demasiado valorizado. Aquilo que deveria centrar as atenções dos mercados é todo o percurso que as políticas da Fed estão a efetuar.”

As bolsas europeias e americanas não se deixaram abalar. Mas, no Médio Oriente, os mercados fecharam no vermelho, sobretudo no Dubai e na Arábia Saudita, que abriram as portas aos investidores estrangeiros. O dólar perdeu cerca de 1% em relação às outras divisas, sendo que o euro se manteve sólido nos 1,14. O valor do ouro subiu mais de 1,5%.

A opinião de Nour Eldeen Al-Hammoury, da ADS Securities

euronews:Janet Yellen foi muito vaga nas suas palavras. Há aqui uma estratégia propositada ou será que a Fed não tem mesmo certezas sobre o rumo da economia americana?

Nour Eldeen Al-Hammoury:Pode ser uma mistura de ambas as coisas. Tal como aconteceu no passado, o banco central vai continuar com a mesma linguagem, vai continuar a brincar com as palavras. No entanto, os decisores políticos sentem-se realmente inseguros quanto ao futuro do quadro económico, tendo em conta os últimos indicadores, tanto positivos como negativos.

Já se viu nas reuniões anteriores que a Fed faz promessas que não cumpre em relação às subidas das taxas de juro, deixando os mercados desiludidos. O banco central decidiu manter as taxas. O discurso de Janet Yellen não trouxe nada de novo, uma vez que as condições económicas nos Estados Unidos continuam fragilizadas. A Fed voltou a deixar transparecer isso, o que também explica o tom algo negativo de Yellen.

A questão é esta: será que a Fed já ficou para trás na subida das taxas, será que falhou o timing de um novo ciclo? Vamos aguardar os próximos indicadores para ver qual será o próximo passo.

euronews:Que análise se pode fazer da reação das divisas e dos mercados globais?

Nour Eldeen Al-Hammoury:O acentuar do declínio do dólar era um fenómeno evidente. Desde outubro do ano passado que os mercados aguardam uma subida das taxas. As novas estimativas apontam para uma subida eventualmente em setembro ou até em dezembro. Os mercados já tinham começado a ajustar os preços com base nessa possibilidade, uma vez que se tem de contar com a evolução no futuro. Mesmo o euro continua bastante sólido, apesar de todo o ruído em torno da dívida grega.

euronews:Porque é que os mercados do Médio Oriente e Norte de África fecharam no vermelho?

Nour Eldeen Al-Hammoury:Normalmente, os mercados desta região ficam animados quando os bancos centrais decidem manter as políticas em vigor. Desta vez, no entanto, foi diferente por causa do Ramadão, que implica vários feriados ao longo do mês. A maior parte dos investidores deixa os mercados para regressar no final deste período. Ou seja, o volume negocial é mais reduzido nesta altura. Por isso, são mercados propensos a uma ligeira descida. E os receios em torno da dívida grega continuam a pairar sobre os mercados globais.

Business Snapshot: Iraque regressa em força ao mercado do petróleo

Desde o início de junho que o petróleo iraquiano é exportado a uma média de 3,2 milhões de barris por dia. Alguns especialistas apontam que a razão para o aumento da produção se prende com a decisão de separar o crude de Bassorá em duas variedades, de acordo com a densidade ligeira ou pesada. Essa alteração permite agilizar o output. Consequentemente, as empresas reforçaram a produção.

As explorações petrolíferas no sul do Iraque são consideradas das mais viáveis, ao nível da qualidade, e estão localizadas ainda longe das zonas controladas pelo Estado Islâmico. Apesar da instabilidade, o Iraque pretende manter o mesmo volume de produção, aliás como tem sido o apanágio da OPEP, que defende as fatias que cabem aos produtores em detrimento do controlo dos preços e excedentes.

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