"Black Monday": Um "tufão" que arrasou as bolsas asiáticas

Num só dia, as bolsas chinesas perderam todos os ganhos acumulados este ano. A “Black Monday” só não foi catastrófica por causa das regras do mercado, que impedem uma desvalorização das ações superior a 10% por dia, e porque vários títulos estão já com a negociação suspensa.
A Bolsa de Xangai desvalorizou praticamente 8,5% para menos de 3210 pontos, a maior queda do índice desde 2007.
Cerca de 80% das ações negociáveis na China atingiram a desvalorização máxima durante esta segunda-feira negra. Os índices de futuros bateram todos no fundo.
Os investidores temem uma travagem brusca no crescimento da segunda economia mundial e os mais recentes indicadores parecem dar-lhes razão, com a atividade industrial a cair para mínimos de seis anos e as exportações a recuarem mais de 8% em julho.
Os mais de 140 mil milhões de dólares que o Estado chinês já injetou para tentar animar as bolsas (segundo uma estimativa da Goldman Sachs) não parecem ter acalmado os investidores.
Segundo uma economista da UBS, “não é só o mercado de ações que preocupa. A China está a lidar com as consequências das recentes medidas para aproximar a moeda das leis do mercado, através da alteração do quadro da política cambial e também é provável que as fugas de capitais sejam maiores em julho”, como resultado da desvalorização do yuan.
Na segunda semana de agosto, a China realizou a maior desvalorização do yuan em 20 anos, com o objetivo de recuperar competitividade nas exportações e travar a desaceleração do crescimento. Mas, o que parece estar a acontecer é uma gigantesca fuga de capitais.
O Deutsche Bank já alertou que a turbulência nos mercados é “muito grave” e que deverá conduzir a “cortes” nas perspetivas de crescimento económico a nível mundial.