As relações entre a União Europeia e a Turquia estão em destaque devido ao fluxo constante de imigrantes sírios, em busca de uma nova vida, na
As relações entre a União Europeia e a Turquia estão em destaque devido ao fluxo constante de imigrantes sírios, em busca de uma nova vida, na Europa. A Turquia é um país de passagem, as pessoas que fogem dos conflitos pretendem chegar à Alemanha.
A braços com a chegada de centenas de milhares de pessoas, a Europa perspetiva uma mais rápida adesão da Turquia à UE – numa tentativa de conseguir ajuda para conter este fluxo de imigrantes.
Durante uma recente visita a Ancara, a chanceler alemã Angela Merkel comprometeu-se em acelerar este processo de adesão. Também se mostrou disposta a aligeirar as exigências relativas aos vistos para os cidadãos turcos.
Merkel espera que a Turquia concorde em receber imigrantes enviados de volta pela Europa, através destes denominados “acordos de readmissão”. Ancara disse que só vai concordar se houver desenvolvimentos relativos à liberalização do regime de vistos.
A União Europeia pretende que a Turquia dê resposta a este fluxo de refugiados e propõe uma ajuda financeira no valor de 3 mil milhões de euros, para que estes cidadãos permaneçam em território turco. A Turquia, que já conta com mais de dois milhões de refugiados, considera esse valor inaceitável.
A União também se mostrou disposta a incluir a Turquia na lista de “países seguros”. Uma medida apoiada pelo Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker: “Sou certamente a favor do avanço desta questão dos vistos. Sou da opinião, como já disse no Parlamento Europeu e noutros locais, que a Turquia deve estar na lista de países seguros.”
Mas ainda existem muitos obstáculos a ultrapassar para a adesão da Turquia à UE, tal como o conflito sobre Chipre. Os críticos também apontam as questões sobre os direitos humanos ou o conflito com os curdos.
A ministra turca para os Assuntos Europeus reuniu-se esta, terça-feira, com vários comissários, em Bruxelas. A jornalista Gulsum Alan entrevistou Beril Dedeoğlu.
Euronews: A crise dos migrantes relança as relações UE-Turquia, que estavam em ponto morto. A União Europeia quer reforçar acima de tudo a cooperação com a Turquia. Um plano de ação foi elaborado. Tanto a Turquia, como a União Europeia, têm expectativas e pedidos. Em que ponto estamos?
Beril Dedeoğlu: Nós lamentamos o facto de as relações UE-Turquia serem relançadas tendo por base a crise síria. Lamentamos que isso se faça com base num drama humano. No que respeita ao acordo de readmissão e de liberalização dos vistos, trata-se de um processo que já estava em curso, mesmo antes de ter surgido a crise síria.
E: Mas foi acelerado?
BD: Foi uma necessidade, que assumiu agora a forma de um pacote. A questão dos refugiados é complicada. É, por isso, que hoje as negociações continuam. O que queremos deixar claro é que não se trata de um problema ligado a apenas um país. É preciso partilhar as responsabilidades. Do lado turco e europeu, e em particular por parte da Comissão Europeia, há uma vontade real de resolver o problema. A crise atual mostra que o nosso destino é comum. O que é importante no presente é desenvolver as nossas relações. Este é o resultado.
E: A liberalização dos vistos é uma reclamação de longa data da Turquia, mas quando a UE fala de liberalização refere-se apenas a certas pessoas. É algo parcial. Quais são as expectativas da Turquia em relação à liberalização de vistos?
BD: Que os cidadãos dos países candidatos possam beneficiar da livre circulação no Espaço Schengen.
E: Todos os cidadãos?
BD: Sim.
E: A UE tem uma ideia diferente…
BD: Isso não será feito no imediato. Vai levar tempo. Compreendo os receios dos europeus, mas os cidadãos turcos também têm expectativas.
E: Vários países assinam acordos de readmissão, mas é muito complicado pô-los em prática. Como é que a Turquia vai segurar os migrantes no seu território?
BD: É um procedimento comum aos países membros ou que querem ser membros da UE. Os números não são tão elevados como pensamos.
E: Isso funciona? Como se pode impedir os refugiados de partirem?
BD: Em primeiro lugar, isso funciona. Em segundo lugar, a Turquia tem no seu território 2,5 milhões de sírios. Os que vivem nos campos de refugiados beneficiaram de cerca de 8 mil milhões de dólares. A Turquia não aplicou a sua política de abertura de portas por causa da União Europeia. A Turquia não podia saber que a UE iria fazer uma tal proposta.