Roménia em vazio político e com orçamento de 2016 por fechar

Roménia em vazio político e com orçamento de 2016 por fechar
De  Francisco Marques
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A demissão do primeiro-ministro Victor Ponta, no seguimento da tragédia numa discoteca de Bucareste, deixou a Roménia, um dos países mais pobres mas

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A demissão do primeiro-ministro Victor Ponta, no seguimento da tragédia numa discoteca de Bucareste, deixou a Roménia, um dos países mais pobres mas de maior crescimento da União Europeia, numa situação sensível: o orçamento de Estado para 2016 estava em elaboração e assim tem de continuar.

Nas ruas, milhares de romenos continuam a exigir uma mudança política e uma luta mais eficiente contra a corrupção num país que tem vindo a ser ajudado desde 2009 pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2011 e em 2013, face ao cumprimento dos compromissos acordados, a Roménia teve acesso a dois outros programas de ajuda, de cariz preventivo, e no total terá tido acesso a 30 mil milhões de euros.

1000s rally in #Romania to demand early elections and eliminating government corruption https://t.co/ZHpB6Civyjpic.twitter.com/8FsZBXKYaQ

— Press TV (@PressTV) 5 novembro 2015

(“Milhares juntam-se na Roménia para exigir eleições antecipadas e a eliminação da corrupção no governo.”)

O país tem vindo a consolidar o crescimento, mas a população não parece muito satisfeita e as críticas a Victor Ponta, na liderança do Governo desde 2012, vinham a acumular-se, inclusive por parte do Presidente Klaus Iohannis.

O chefe de Estado chegou a sugerir “indícios de que os regulamentos legais não tinham sido respeitados” no recente caso da discoteca, em que morreram mais de 30 pessoas, juntando este argumento aos que, em julho, já o haviam levado a pedir a demissão de Ponta, na sequência de várias acusações de fraude.

O caso da discoteca poderá estar relacionado com negligência das autoridades, envolvendo corrupção.

A coligação União Social Liberal, que integra o Partido Social Democrata, de Ponta, ganhou as últimas eleições, em 2012, com clara maioria (58 por cento), e tem por isso legitimidade para formar um novo executivo.

Para já, o até aqui ministro de Educação foi nomeado primeiro-ministro interino pelo Presidente da República, mas aguarda ainda aprovação do parlamento. Sorin Campeanu não pode, no entanto, legislar: a criação de um novo governo é imprescindível. Iohannis está , por isso, debater a criação de um novo executivo com os partidos e, pela primeira vez, a sociedade civil deverá ser escutada.

A Roménia regista este ano um crescimento de 3,5 por cento e uma taxa de desemprego de 6,7 por cento. A expectativa é que no próximo ano, o crescimento acelere e que o desemprego continue a cair até aos 6,5 por cento, em 2017.

Membro da União Europeia desde 2007, mas ainda com divisa própria (o Léu, que vale 22 cêntimos de euro), a Roménia tem sido um dos melhores exemplos de crescimento entre os agora “28”. Mas, entre a população, esse crescimento tem escasso reflexo.

A economia romena subsiste ancorada nas exportações e impulsionada por exemplo pela indústria automóvel. Num momento crucial, a Roménia pode, ainda assim, ter de abrir as urnas e realizar eleições antecipadas. Pelo menos, esse é o desejo da oposição liberal, mas novos partidos podem entretanto surgir depois do afrouxar de restrições à criação de novas forças políticas e o domínio habitual do parlamento romeno pode ser abalado em caso de novo sufrágio.

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