Cenário negro para o futuro do planeta Terra

Cenário negro para o futuro do planeta Terra
De  Euronews com Jeremy Wilks
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Qual o futuro do planeta Terra? O que vai acontecer nos próximos 100 ou 1,000 anos? A euronews esteve na Cimeira do Clima - COP21 - em Paris à procura de respostas

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Quando os primeiros astronautas foram à Lua, não resistiram a olhar para trás e contemplar a beleza do nosso planeta. Um pequeno ponto azul, a Terra.
Nas últimas décadas assistimos a um aumento considerável de satélites de observação em órbita. Estes satélites podem oferecer uma perspetiva única à ciência e a possibilidade de se fazerem medições detalhadas e precisas.

O que estes satélites captaram, e continuam a captar, é o modo como o planeta funciona – a atmosfera, a vegetação, as camadas de gelo e a água.
Hoje em dia podemos monitorizar o clima e perceber como evolui, uma observação feita do espaço, que só foi possível graças ao desenvolvimento da tecnologia de detecção remota .

Na Europa, o programa Copérnico de observação da Terra utiliza os satélites Sentinela para garantir um acesso contínuo, independente e fiável a informações. O Sentinela-3 deverá ser colocado em órbita nas próximas semanas.

Jeremy Wilks, da euronews, esteve na Cimeira do Clima – COP21 – em Paris e falou com Jean-Nöel Thépaut, coordenador do Serviço de monitorização das alterações climáticas do programa Copernicus, e com Andrew Shepherd, professor de Observação da Terra da Universidade de Leeds, no Reino Unido.

Jeremy Wilks, euronews: “Que certezas nos podem dar sobre o futuro ambiental da Terra?”

Jean-Nöel Thépaut: “Acredito que é muito difícil encontrar um cientista que tenha certezas absolutas. Vão dizer que é possível, muito provável, quase certo. A única certeza que temos é o que está a acontecer de momento, o que vemos. A temperatura aumentou, o nível do mar está a subir, as camadas de gelo no mar a retroceder, os glaciares estão a diminuir drasticamente.

euronews: “Daqui a 100 anos continuaremos a ter um polo Norte com gelo? E ursos polares?”

Andrew Shepherd: “Com base no que sabemos, vai haver uma grande mudança no hemisfério norte. O gelo no mar está a retroceder há décadas. As camadas de gelo polares na Antártida e na Gronelândia terão a mesma aparência vistas do espaço, são grandes manchas brancas, mas vão ter muito menos gelo. Em consequência, o nível do mar vai subir. As pessoas vão ter de se adaptar a estas mudanças.”

euronews: “No que respeita à observação da Terra, existem, neste momento, muitos satélites. Mas na verdade temos 200 anos de observação no terreno e apenas cerca de 30 anos de dados recolhidos no espaço. Como podemos ter a certeza de que as previsões que estamos a fazer estão certas?”

Jean-Nöel Thépaut: “Na realidade, são mais do que 30 anos de observações feitas por satélite. Os satélites meteorológicos estão no espaço desde meados dos anos 60. Mas existem alguns mais antigos. É importante substituir estes instrumentos de observação por outros mais atuais e conciliar com dados geológicos.”

Andrew Shepherd: “Nos últimos 10 anos recolhemos dados importantes sobre as regiões polares, graças à missão do Cryosat da Agência Espacial Europeia, que nos permite observar as calotas geladas dos polos norte e sul. Costumávamos achar que as camadas de gelo estavam paradas, como gigantes adormecidos, que não mudavam, até as vermos com satélites. Agora percebemos que mudam. De facto, em algumas partes da Gronelândia estão a fluir 5 ou 10 vezes mais rápido do que há 20 anos. O planeta Terra é hoje muito diferente do que tínhamos na altura da Cimeira do Clima em Quioto, em 1997.”

euronews: “Está a decorrer a Cimeira do Clima em Paris. Os políticos estão a tomar decisões. Mas quem vai monitorizar o que acontece no futuro? Quem garante que os responsáveis vão cumprir o acordo?”

Jean-Nöel Thépaut: “A Comissão Europeia começa a discutir se precisamos de um satélite Sentinela adicional, ou de mais uma missão, para monitorizar as emissões de carbono e garantir que as metas discutidas na COP21 se concretizam realmente”.

euronews: “É possível prever mais consequências provocadas pelas alterações climáticas, daqui a 1000 anos, num futuro distante?”

Andrew Shepherd: “Se a tendência se mantiver é possível que daqui a 1000 ou 10,000 anos possa não haver camada de gelo na Gronelândia ou no Ártico. O planeta Terra seria completamente diferente. São cenários improváveis, mas possíveis, e deviam ser considerados pelas pessoas. Mas, claro, não queremos preocupar as pessoas com coisas que podem vir a acontecer daqui a 10,000 anos.”

euronews: “No sistema solar: temos, por um lado, o planeta Venus, que é um exemplo extremo do que pode acontecer com as alterações climáticas. Por outro, temos Marte, uma espécie de deserto congelado. Acredita que vamos conseguir controlar este planeta imprevísivel?”

Jean-Nöel Thépaut: “Conseguimos fazer a diferença no último século com a injeção de quantidades gritantes de carbono na atmosfera. Espero que também sejamos capazes de implementar medidas que invertam esta situação.”

Andrew Shepherd: “Sim, tenho fé na tecnologia. A tecnologia conseguiu resolver problemas no século XX de forma impressionante. Não há razões para que isto não possa ser resolvido. A energia precisa de vir de outras fontes no futuro, isso é absolutamente claro. Todas as pessoas com interesse no sector sabem isso e estão a investir em recursos para tentar resolver este problema.”

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