A Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) confirmou esta sexta-feira ter solicitado à federação chinesa que investigue a carta da
A Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) confirmou esta sexta-feira ter solicitado à federação chinesa que investigue a carta da ex-atleta Wang Junxia. Na missiva, a ainda recordista dos 3000 e dos 10.000 metros denuncia, com mais 9 atletas, a utilização sistemática de doping pelo grupo de atletas conhecido por “exército de Ma.”
Wang Junxia, record holder for women’s 10,000-meter race, accuses coach of forcing athletes to engage in doping https://t.co/v3FaCmzjda
— CCTVNEWS (@cctvnews) 4 fevereiro 2016
(Wang junxia, recordista do mundo dos 10.000 metros, acusa treinador de forçar atletas a recorrer ao doping.)
De acordo com o diário South China Morning Post, a IAAF quer determinar a veracidade do teor da carta datada de março de 1995 e publicada esta semana no portal noticioso chinês Tencent.
A rival de Fernanda Ribeiro
A carta agora revelada terá sido escrita mais de um ano antes dos Jogos Olímpicos de 1996, onde Wang Junxia ainda se apresentou, mas já sem o treinador Ma Junren, de quem se havia separado a mal no final de 1995. Nas olimpíadas de Atlanta, nos Estados Unidos, ganhou a medalha de ouro nos 5000 metros e ficou perto da vitória também nos 10.000. Só não contava, aí, com Fernanda Ribeiro.
A chinesa saiu na frente na derradeira curva, mas a ponta final da portuguesa foi “arrasadora” e não deu hipóteses (vídeo em baixo). “Foi a corrida da minha vida”, já assumiu por diversas vezes Fernanda Ribeiro.
Wang Junxia revelou à altura, na referida carta, que o designado “exército de Ma”, treinado por Ma Junren, bateu vários máximos mundiais durante a década de 90 do século passado graças à utilização sistemática de doping, do qual o Governo chinês tinha conhecimento e apoiava.
“É absolutamente verdade que Ma nos forçou a consumir grandes quantidades de substâncias ilegais. Ficamos tristes por termos de revelar isto e muito preocupadas que possa afetar a reputação da China e menorizar o valor das medalhas que conquistámos”, denuncia a missiva.
De acordo com as signatárias, a carta pretendia “denunciar os comportamentos criminosos” da elite do atletismo chinês naquela altura e dessa forma “evitar que algo semelhante aconteça com a próxima geração de atletas”.
O recorde “impossível”
Wang junxia foi uma desconhecida até 1993. Parte do chamado “exército de Ma”, nesse ano ela e as colegas de equipa “explodiram” no mundo do atletismo ao quebrarem 66 recordes chineses e mundiais. Entre eles, o dos 10.000 metros, por Wang.
Até hoje ninguém se aproximou sequer 20 segundos dos 29:31,78 minutos estabelecidos pela chinesa a 8 de setembro de 1993, nos Jogos Nacionais Chineses. A segunda melhor marca de sempre pertence à etíope Meselech Melkamu (29:53,80), fixada em Utrecht, na Holanda, a 14 de junho de 2009.
Boom another nail in sport's coffin. https://t.co/E0HpYpASi7
— Simon Warren (@100Climbs) 5 fevereiro 2016
Nessa mesma competição, em dois dias seguidos atletas do “exercito de Ma” bateram por duas vezes o recorde do Mundo dos 3000 metros femininos. A melhor marca (08:06,11 minutos) ficou desde então (13 de setembro) na posse de Wang Junxia.
O treinador Ma Junren atribuía a excelente forma das atletas aos treinos em altitude efetuados nos Himalaias, à proibiçao de usarem cabelo comprido e ao consumo de sangue de tartaruga e certos fungos.