As revelações dos “Panama Papers” e as dúvidas sobre a implicação de David Cameron lançam uma corrida inédita à transparência fiscal por parte da
As revelações dos “Panama Papers” e as dúvidas sobre a implicação de David Cameron lançam uma corrida inédita à transparência fiscal por parte da classe política britânica.
O ministro das Finanças, George Osborne, o presidente da Câmara de Londres, Boris Johnson e vários políticos escoceses, entre os quais a primeira-ministra, Nicola Sturgeon, publicaram esta segunda-feira as suas declarações de impostos.
HEre is the tax schedule for 1 year published by @George_Osborne - most notable is £44k of dividend income. Onshore pic.twitter.com/ObE1tNIuCr
— Faisal Islam (@faisalislam) April 11, 2016
Boris Johnson earned more in 2014/15 than David Cameron, George Osborne, Jeremy Corbyn & John McDonnell put together pic.twitter.com/pozVJvN9M0
— Ed Conway (@EdConwaySky) April 11, 2016
Um gesto inédito, iniciado no domingo por David Cameron, em resposta às alegações de que não teria declarado a venda das ações de um fundo de investimento, detido pelo pai, numa conta “offshore” no Panamá.
Cameron defendeu-se esta segunda-feira, no parlamento, com a apresentação de novas medidas para combater a evasão fiscal.
O primeiro-ministro anunciou a criação de uma comissão de inquérito para investigar os “ficheiros do Panamá”, assim como uma nova lei que sanciona as empresas que pratiquem o incitamento à evasão fiscal.
“Pela primeira vez, a polícia e a justiça britânicas vão poder saber com exatidão quem é o dono e quem é que controla todas as empresas situadas nestes territórios: Ilhas Caimão, Ilhas Virgens britânicas, Bermudas, Ilha de Man, Jersey, todos”, garantiu Cameron.
Medidas demasiado tardias para o chefe da oposição, Jeremy Corbyn, que apresentou igualmente a sua declaração de impostos.
Anyway @jeremycorbyn has released his full tax return for this year pic.twitter.com/KMgBgH3KT6
— Faisal Islam (@faisalislam) April 11, 2016
Para o líder trabalhista, Cameron deveria ter cumprido a lei e informado o parlamento de todas as contas em seu nome e em nome da sua família.
“Há uma regra para os mega-ricos e outra para o resto das pesoas. Não acredito que o Primeiro-MInistro tenha a dimensão da revolta suscitada por esta injustiça. A verdade é que o Reino Unido está no centro da ‘indústria’ da evasão fiscal. É um escândalo nacional ao qual temos que pôr um fim”, indignou-se Corbyn, frente a um primeiro-ministro visivelmente embaraçado.
Face aos protestos para que se demita, David Cameron, defendeu-se esta tarde, do que considerou serem “acusações falsas” sobre os seus rendimentos em sociedades offshore.
David Cameron afirmou ter pago os impostos relativamente à venda das suas ações num fundo offshore detido pelo pai.
O chefe de governo garantiu igualmente que a transferência de 246 mil euros que recebeu da mãe, respeitou as regras do imposto sucessório.
Entre a classe política britânica, surpreendida pelas revelações em plena campanha para o referendo à UE, apenas o líder eurocético Nigel Farage rejeitou associar-se à vaga “Não sou Panamá”, ao recusar publicar a sua declaração de impostos.