Destituição de Dilma: Bruno Araújo, o deputado que soltou o grito do "impeachment"

Destituição de Dilma: Bruno Araújo, o deputado que soltou o grito do "impeachment"
De  Francisco Marques com o globo, istoé
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Coube ao deputado Bruno Araújo, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) o voto decisivo que confirmou a vitória do “sim” da Câmara dos

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Coube ao deputado Bruno Araújo, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) o voto decisivo que confirmou a vitória do “sim” da Câmara dos Deputados à destituição de Dilma Rousseff da presidência do Brasil. O centrista, de 44 anos, assume ser “uma bênção e uma responsabilidade para o resto da vida” o facto de ter associado o seu nome a um voto tão importante como o deste domingo, em Brasília.

“Só o poder estar aqui e representar a população já é um grande privilégio. Depois, representar o voto que solta o grito dessa população é outro grande privilégio. Quando também se junta a componente de saber que participamos desde fevereiro do ano passado neste processo de ‘impeachment’, em que muitos não acreditavam e que se veio a concretizar, é uma bênção e uma responsabilidade que guardamos para o resto da vida”, afirmou Bruno Araújo à revista IstoÉ (em baixo), após a votação.

Com olhos marejados, dep Bruno Araújo (PSDB-PE) fala à Istoé após dar voto decisivo contra Dilma #istoeimpeachmentpic.twitter.com/n0iu3ZWKT7

— Revista ISTOÉ (@RevistaISTOE) 18 de abril de 2016

Quem é Bruno Araújo?

Advogado de 44 anos, nasceu a 15 de março de 1972 em Recife e é militante do PSDB. Está a exercer o terceiro mandato consecutivo como deputado federal (desde 1 de fevereiro de 2007) depois de ter cumprido dois (entre 1999 e 2007) como deputado estadual de Pernambuco. Em 1998, tornou-se no mais jovem deputado pernambucano (26 anos) quando foi eleito pela primeira vez.

Bruno Cavalcanti de Araújo, de seu nome completo, foi eleito deputado federal no final de 2006. No segundo mandato chegou a liderar a bancada parlamentar do PSDB. Desde 2014, é o presidente da delegação do partido em Pernambuco. Fonte: Câmara dos Deputados

Com uma votação de 367 a favor, 137 contra e 7 abstenções, Dilma sofreu nova derrota na luta contra o apelidado “impeachment”. O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, líder da entidade de defesa jurídica do Governo Federal, reafirmou a determinação da presidente em não ceder à pressão e em manter-se na defesa de uma solução sem mudanças no Planalto, o gabinete oficial da presidência. “A presidente da República está aberta a dialogar por qualquer saída que passe por dentro da democracia e do respeito pela Constituição. O que não pode jamais aceitar são situações de rutura constitucional, que qualifiquem um golpe de estado”, afirmou José Eduardo Cardozo. Para esta segunda-feira, está prometida também uma reação de viva voz de Dilma Rousseff ao resultado da votação dos deputados.

O processo de destituição ou “impeachment” passa agora para o Senado, onde deverão entrar já esta segunda-feira. No máximo em 48 horas, uma comissão especial terá de ser criada, com 21 senadores titulares e 21 suplentes, sendo um eleito presidente do colegiado. No espaço de 10 dias, esta comissão terá de analisar o processo e redigir um relatório a apresentar aos 81 senadores para ser debatido e votado.

Impeachment caminha para ter votação expressiva no Senado. https://t.co/xHylE3Ve8xpic.twitter.com/1SpMhlWxFy

— Jornal O Globo (@JornalOGlobo) 18 de abril de 2016

Se a maioria simples dos senadores entender que o “impeachment” tem motivos suficientes para ser apreciado, será instaurado um processo, Dilma Rousseff será notificada e suspensa no máximo por 180 dias para que se possa defender das acusações.

Neste período, a comissão especial deverá analisar as provas da acusação e redigir novo relatório a ser debatido e votado no Senado. Se o processo de avaliação da destituição obtiver nova maioria simples, inicia-se a fase de julgamento, liderada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Para que Dilma Rousseff perca o cargo em definitivo, a destituição terá de ser aprovada por dois terços do Senado (54 senadores).

Políticos vão à residência de Temer após aprovação do impeachment https://t.co/WowkUbfhKspic.twitter.com/JfidSuaXJU

— Folha de S.Paulo (@folha) 18 de abril de 2016

No período de suspensão de até 180 dias , o vice-presidente Michel Temer, do Partido do Movimernto Democrático Brasileiro (o centrista PMDB) assume a presidência de forma interina. Nas ruas, o povo promete manter a pressão sobre o governo pelas mudanças que exigem na gestão do Brasil.

Allan dos Santos, porta-voz do movimento “Resistência Popular” criado em outubro passado, alegadamente sem qualquer ligação partidária, lembra que o “o processo de ‘impeachment’ está a acontecer” e que garante que “Michel Temer também será ‘cobrado’ (responsabilizado) pelo povo”. “Nós não escolhemos o Michel Temer. Quem o escolheu foram eles (os governantes). Nós iremos ‘cobra-lo’ para que faça com que o Brasil seja respeitado. Se o Michel Temer vai fazer ‘X’ ou ‘Y’, só o futuro o dirá, mas as ruas vão continuar a ‘cobrar’”, prometeu Allan dos Santos.

A acompanhar a votação dos deputados, em Brasília, esteve o jornalista francês da euronews Pierre Le Duff, que residiu algum tempo no Brasil e contactou de perto com a progressiva crispação entre o povo e os respetivos governantes. “Os apoiantes da destituição de Dilma Rousseff celebraram junto à Esplanada dos Ministérios a decisão dos deputados. Será apenas mais um passo numa longa crise política no Brasil”, antevê o nosso enviado especial.

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