A EURONEWS esteve em Caracas e falou com venezuelanos que assinaram a petição para a realização do referendo revogatório.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela informou que os signatários do pedido de um referendo que poderia traduzir-se na destituição do Presidente Nicolas Maduro deveriam validar a assinatura pessoalmente e com a impressão digital, depois de terem anulado mais de 600 mil assinaturas em quase dois milhões. Uma notícia que tem vindo a provocar os protestos da oposição e dos cidadãos, como pôde constatar a EURONEWS nas ruas de Caracas.
Eu assinei porque estou preocupada pelo futuro da minha filha.
Luís Emílio Rondón, o reitor do CNE disse que “cerca de 1.352.000 registos foram validados” e que terão posteriormente lugar “as etapas de exclusão e validação” das assinaturas entre os dias 20 e 24 de junho.
Norma vigente, requisitos y tiempos, que el CNE está obligado a garantizar para el Referéndum Revocatorio. pic.twitter.com/Y15uPBW0JY
— Rector Luis E Rondón (@RondonCNE) 12 de maio de 2016
Uma das assinaturas anuladas foi a do ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski, decisão que provocou protestos por parte da cidadania e de alguns partidos políticos, em particular do seu partido, o PrimeroJusticia.
Juan Requesens é deputado na Assembleia Nacional da Venezuela pelo PrimeroJusticia, o partido de Capriles, desde o ano passado. Explicou à EURONEWS porque lhe parece injusta e pouco honesta a decisão das autoridades eleitorais venezuelanas:
“Eles disseram que algumas assinaturas pertenciam a gente morta. Disseram que algumas assinaturas simplesmente não eram válidas. Este Governo e a CNE têm tão pouca vergonha que anularam muitas assinaturas por conterem a palavra Maduro com O em vez de com um U. Foram apenas algumas das desculpas que encontraram para anular assinaturas,” disse Juan Requesens.
¿Te invalidaron tu firma? Sigue a
FuerzaRV y entérate cómo podemos colaborar <a href="https://twitter.com/hashtag/RevocatorioYA?src=hash">#RevocatorioYA</a></p>— Juan Requesens (
JuanRequesens) 15 de junho de 2016
Numa primeira fase, eram necessárias 200 mil assinaturas, mas a oposição quase 10 vezes esse número. Uma vez validadas estas assinaturas, com as respetivas impressões digitais, inicia-se outra etapa, em que a oposição terá de recolher e validar as assinaturas de 20% dos eleitores.
O enviado da Euronews a Caracas, Alberto de Filippis, conta que, depois de um dia na capital venezuelana, todas as pessoas com quem falou disseram que as assinaturas delas foram anuladas, embora oposição prometa continuar com a batalha.
Uma mulher, com um carrinho de bebé, disse que assinou a petição por estar “preocupada pelo futuro da filha”. “Mas a minha assinatura não se encontra na lista. Tomei a iniciativa de juntar assinaturas, sou da oposição e o meu nome e não está lá,” disse à EURONEWS.
O Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, admitiu submeter-se a um referendo, mas apenas em 2017 e não em 2016, como pretende a oposição, e se forem cumpridos os requisitos estabelecidos na lei.
A batalha pela data do referendo
A oposição quer o referendo ainda em 2016 e tem acusado por diversas vezes o CNE de atrasar as diferentes etapas do processo.
Se o referendo se realizar até 10 de janeiro de 2017, deverão ser convocadas novas eleições, segundo lei. Se o referendo for convocado para depois dessa data, o vice-presidente assumirá o cargo de Maduro até 2019, quando termina o atual mandato.
A EURONEWS falou ainda com Henrique Capriles, líder da oposição, sobre os problemas que afetam atualmente a Venezuela, entrevista transmitida no programa GlobalConversation:
Com a contribuição de António Oliveira e Silva