Turquia: Golpe provoca milhares de detenções, despedimentos e processos judiciais

Turquia: Golpe provoca milhares de detenções, despedimentos e processos judiciais
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O golpe de Estado abortado na Turquia não mudou o país como desejavam os instigadores, mas provocou, apesar de tudo, uma mudança.

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O golpe de Estado abortado na Turquia não mudou o país como desejavam os instigadores, mas provocou, apesar de tudo, uma mudança. Foi, sem dúvida, a ocasião esperada por Erdogan para purgar uma sociedade inteira e os elementos hostis ao regime. Elementos que classificou no dia a seguir como “um vírus do qual era preciso livrar a Turquia”.

“A todos os níveis do governo, a limpeza deste vírus vai continuar, porque este corpo, meus irmãos, cria metástases. Como um vírus cancerígeno propaga-se por todo o governo”.

E o governo não perdeu tempo a punir os culpados ou os designados culpados. Os protagonistas, militares ou oficiais e, depois, as purgas estenderam-se a toda a sociedade.
Detenções, processos judiciais, despedimentos, todos os meios são bons para afastar os indesejados.

Desde o dia do golpe, 9322 pessoas foram acusadas judicialmente; 6319 soldados estão sob custódia; 950 civis e 85 generais foram detidos.

Na educação, 21 mil professores do ensino privado foram excluídos do sistema, sem possibilidade de voltarem a ensinar; 15200 funcionários da área da educação foram despedidos; 1577 decanos e reitores foram obrigados a demitir-se, assim como 2745 oficiais de justiça.

Esta ação sobre os meios do ensino e da justiça visa diretamente o movimento de Fettulah Gülen, o imã, que se encontra exilado nos Estados Unidos. Um movimento que tinha muitos adeptos nos sectores da educação e da justiça.

Nas escolas e universidades controladas pelo movimento, são formadas elites destinadas a trabalharem na administração, na justiça, na polícia e no ensino, sectores-chave do Estado. Os estudantes universitários estão impedidos de deixarem o país até nova ordem.

Os despedimentos estendem-se também aos vários ministérios: 393 no da Família e Assuntos Sociais; 1500 no das Finanças; 257 no gabinete do primeiro-ministro; 492 na presidência dos Assuntos Religiosos; 100 nos Serviços Secretos.

Os Médias não escapam à purga, sobretudo os suspeitos de ligações ao predicador Gülen. 24 estações de rádio e televisão viram as licenças retiradas e 34 jornalistas ficaram sem carteira profissional. Já em Março passado o quotidiano Zaman e a agência de informação Cihan, próximas de Gülen, tinham sido encerradas.

Antigo aliado de Erdogan, Fettulah Gülen tornou-se no seu pior inimigo. O governo acusa-o de ser o instigador do golpe, o clérigo nega formalmente qualquer implicação.

Enquanto o regime aproveita para fazer a limpeza em casa, cresce a fratura no país entre os setores ligados à ortodoxia islâmica e os defensores da constituição de 1923, aprovada por Kamal Attaturk, na qual assentou a modernização do país.

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