O prémio Nobel da Física distinguiu este ano o trabalho de três investigadores britânicos que está na base da próxima revolução tecnológica.
O prémio Nobel da Física distinguiu este ano o trabalho de três investigadores britânicos que está na base da próxima revolução tecnológica.
David Thouless, de 82 anos, Duncan Haldane, de 65 anos e Michael Kosterlitz de 74 anos, foram homenageados pelos estudos do comportamento das “matérias exóticas”.
“Os premiados deste ano abriram a porta para um mundo desconhecido onde a matéria pode passar por estranhos estados. Utilizaram métodos matemáticos para estudar fases o estados pouco habituais da matéria, como os supercondutores, superfluídos ou películas magnéticas finas”, segundo o Comité do Nobel.
As descobertas dos três investigadores, ocorridas nos anos 70 e 80, estão hoje na base da investigação em torno dos chamados computadores quânticos, supermáquinas capazes de efetuar milhares de cálculos em simultâneo, ultrapassando as limitações do atual sistema binário.
O trabalho pioneiro, “ilustra, de uma forma interessante, a interelação entre a física e a matemática”, segundo um dos membros do comité do prémio Nobel, Thors Hans Hansson.
Thors Hans Hansson: "It illustrates, in a very nice way, the interplay between physics and mathematics." https://t.co/dLTCJ2OvEn
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 4, 2016
Os três investigadores estudaram os chamados isolantes topológicos, uma nova forma de materiais, aperfeiçoada nas últimas décadas e extraída a partir de elementos como o carbono, o germanium ou o silicium.
Materiais como o grafeno ou o siliceno estão a ser investigados nos últimos anos pela indústria informática como a base do “hardware” do futuro e uma forma de ultrapassar as limitações do silício.
Os estudos sobre o grafeno tinham já valido um Nobel da Física em 2010 a Andréy Gueim e Konstantín Novoiólov, os primeiros a isolar o composto a temperatura ambiente.
O grafeno é um material duzentas vezes mais resistente que o aço, mas com uma grande flexibilidade e uma condutibilidade elétrica e térmica superior ao silício, que poderia ser incorporada nos processadores do futuro.
“A maior parte das grandes descobertas ocorre desta maneira: elas caiem-lhe em cima e temos a sorte de perceber que estamos perante uma coisa muito interessante”, afirmou Duncan Haldane, galardoado com metade do prémio, no valor de 417 mil euros.