Batalha por Mossul: "Todos combatem sob as ordens do Iraque"

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De  Francisco Marques com REUTERS, RUDAW
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Ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano desdramatiza controvérsia pela participação de milícias xiitas, próximas do Irão, na ofensiva para reconquistar a cidade de maioria sunita no norte do país

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A presença de milícias xiitas na ofensiva em Mossul, no norte do Iraque, já na região maioritariamente sunita do Curdistão iraquiano, está a desagradar à Turquia e a levantar alguns receios de eventual tensão entre as duas fações islâmicas.

Em Paris, numa reunião internacional para abordar a operação em curso pela reconquista de território ao grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico (“Daesh”/ ISIL) e pela estabilização de Mossul após os combates, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano garantiu não haver nada a temer pela proximidade de xiitas e sunitas e, desde Bagdade, o primeiro-ministro rebateu ainda mais estes receios.

23 pays & organisations réunis à Paris pour préparer le jour d'après à Mossoul au bénéfice de ses habitants dans toute leur diversité #Irakpic.twitter.com/9CwY3Dmdvw

— Jean-Marc Ayrault (@jeanmarcayrault) 20 de outubro de 2016

Presente na reunião, que junta à mesma mesa cerca de duas dezenas de países, Ibrahim al-Jaafari disse não haver “necessidade de preocupações por causa da presença das milícias xiitas”.

“Essas forças sacrificaram os filhos pela libertação de Mossul. Tudo o que se diz sobre crimes cometidos por essas forças, ou até mesmo homicídios, nada disso é verdade. Quem acusa que apresente provas”, pediu o responsável pela diplomacia iraquiana, concluindo: “Toda a gente combate sob as ordens de comando do exército iraquiano e essas forças vão regressar a casa assim que esta situação excecional esteja resolvida.”

Por videoconferência, o chefe de Governo do Iraque também se dirigiu aos presentes na reunião da capital francesa, confirmou que a ofensiva em Mossul está a avançar mais rápido do que o esperado e elogiou a união de todos os iraquianos, xiitas e sunitas, numa operação em que, “pela primeira vez em 25 anos, as forças federais iraquianas entraram no território do Curdistão com autorização das autoridades e governo curdos”.

PM Al-Abadi's speech to the ministerial meeting on the stabilization of Mosul held in Paris today

— Haider Al-Abadi (@HaiderAlAbadi) 20 de outubro de 2016

Também “pela primeira vez, o exército iraquiano está a combater lado a lado com os Pershmerga”, acrescentou Haider al-Abadi, sublinhando que esta cooperação mostra “a união e a tremenda aproximação entre dois lados para libertar o território do Iraque do terrorismo do ISIL, trabalhando para um só Iraque e longe da ideia de divisão e desacordo.”

Mais de 25 mil soldados participam na reconquista de Mossul, o último grande bastião do grupo terrorista Estado Islâmico no Iraque. A operação resulta da coordenação de várias entidades militares: os Peshmerga curdos avançam pelo nordeste da cidade, o exército e as forças especiais iraquianas pelo sudeste. A coligação internacional que combate o “Daesh” no Iraque, liderada pelos Estados Unidos e integrando também, entre outros, a França e o Reino Unido, proporciona apoio bélico pelo ar.

Quelles sont les forces engagées en Irak dans la lutte contre #Daech ? #LibérationMossoulpic.twitter.com/szxi3f0DZh

— France Diplomatie (@francediplo) 20 de outubro de 2016

A composição da coligação da ofensiva terrestre integra forças tribais sunitas e milícias xiitas, incluindo elementos do Hashd Al-Shaabi. Embora xiitas e os Pershmegas sunitas tenham acordado manter-se nos limites de Mossul, “o envolvimento destes diversos atores ameaça tornar muito difíceis a implementação de hierarquias de comando e de estabilização pós-conflito”, alertou, através da agência Rudaw, Owen J. Daniels, o diretor adjunto da Iniciativa para a Paz e Segurança no Médio Oriente no Conselho Atlântico.

“A falta de um acordo político entre todas as partes para o governo pós-conflito e o restabelecimento da cidade pode revelar-se um enorme ponto de tensão logo no imediato após os combates. Isto irá testar a força do governo central do Iraque”, conclui Owen Daniels.

Direto da ofensiva em Mossul, através da agência de notícias Rudaw

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