"Guerra fria" de bastidores faz cair Reince Priebus na Casa Branca

"Guerra fria" de bastidores faz cair Reince Priebus na Casa Branca
De  Francisco Marques
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Numa polémica conversa do diretor de Comunicação do Presidente dos Estados Unidos com um jornalista, outros assessores de Trump foram violentamente insultados.

O novo diretor de comunicação da Casa insultou de forma violenta outros assessores do Presidente dos Estados Unidos, incluindo o muito controverso Steve Bannon.

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Aconteceu durante uma conversa telefónica promovida pelo próprio na quarta-feira com Ryan Lizza, na qual, garante o jornalista, Anthony Scaramucci nunca pediu para não ser citado.

A conversa foi depois divulgada em parte pelo jornalista Ryan Lizza, primeiro em excertos através da rede social Twitter e mais tarde relatada nas páginas do jornal The New Yorker.



Quem é Anthony Scaramucci?
Conhecido pela alcunha The Mooch”, nasceu em Long Island, no Estado de Nova Iorque, numa família de imigrantes italianos de classe média. Diplomou-se por Harvard, teve uma passagem pelo banco Goldman Sachs e foi responsável por fundos de investimento para clientes riquíssimos.

Scaramucci, de 53 anos, é um dos grandes contribuintes do partido Republicano. Em 2012, foi tesoureiro da campanha presidencial de Mitt Romney em 2012. Trump já o havia tentado integrar na Adminsitração, mas “The Mooch” terá sido bloqueado num primeiro momento por Reince Priebus, considera o próprio Scaramucci.

À segunda tentativa de Trump, a nomeação foi concretizada para diretor de Comunicação e motivou mais uma saída precipitada na presente Adminstração: a do porta-voz da Casa Branca Sean Spicer.


Na alegada conversa, Scaramucci exigiu ao jornalista a revelação da fonte sobre um determinado jantar Donald Trump reportado por Lizza na rede social e no qual teria estado também o próprio diretor de Comunicação, o radiolista de orientação nacionalista Sean Hannity, o antigo executivo da Fox News Bill Shin e a Primeira Dama, Melania Trump.

O jornalista recusou repetidamente denunciar as suas fontes: duas referidas num primeiro “twit” e uma outra outra referida como um “sénior oficial da Casa Branca.”

Durante a conversa, relatada depois por Ryan Lizza, Scaramucci referiu os nomes de dois outros assessores da Casa Branca: o chefe de Gabinete Reince Priebus, um suposto rival interno do novo diretor de Comunicação de Trump, e o estratega do Presidente, o controverso Steve Bannon — ambos violentamente insultados.

Sobre Priebus, Scaramucci garantiu esta a caminho da porta da rua e disse tratar-se de “um ‘fucking’ esquizofrénico paranóico”. Bannon foi descrito como alguém que se satisfaz em auto felação (ou, numa tradução mais literal sugerida pela agência Lusa, alguém que está sempre a tentar chupar o próprio pénis).


Depois de desligar o telefone ao jornalista, o diretor de comunicação terá publicado um “twit” a anunciar ir contatar o FBI e o Departamento de Justiça por ter surgido nos meios de comunicação a sua informação financeira. Nessa publicação, entretanto apagada, Scaramucci identificava Priebus, o homem que terá acusado como o delator dessa informação financeira e, inclusive, do jantar revelado por Ryan Lizza.

Após apagar esse polémico “twit”, Scaramucci publicou outro a dizer: “Errado! O ‘twit’ foi um anúncio público de que todos os séniores oficiais na Adminsitração estão a ajudar a acabar com as fugas ilegais de informação”. E voltou a identificar Priebus.

Depois, Scaramucci publicou outro “twit” assumindo o uso “ocasional de linguagem colorida”. “Vou abster-me neste particular, mas não vou desistir a luta apaixonada pelo programa de Donald Trump”, concluiu.

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E depois ainda mais outro, quase três horas depois: “Cometi o erro de confiar num jornalista. Não voltará a acontecer.”


Ao mesmo tempo já o The New Yorker começava também a relatar a polémica conversa telefónia entre Scaramucci e Ryan Lizza, com o jornalista a ironizar: “Por vezes, acontece exatamente o mesmo que nos filmes.”

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A seguir, surgiu o artigo com o relato da conversa que promete incendiar ainda mais o ambiente nos bastidores da Casa Branca e a relação de Donald Trump com os meios de comunicação.


O Presidente manteve-se em silêncio sobre este primeiro escândalo público protagonizado por Anthony Scaramucci até esta sexta-feira à tarde (já quase 22:00 em Lisboa), altura em que anunciou a substituição de Priebus por John F. Kelly.


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O até agora secretário da Segurança Interna — “um grande americano e um grande líder”, destaca Trump — é promovido a chefe de Gabinete da Casa Branca.

“Gostava de agradecer a Reince Priebus pelo seu serviço e dedicação a este país. Conseguimos muito juntos e estou orgulhoso dele”, escreveu Trump na rede social Twitter.


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