Crise migratória inflama oposição de partidos de centro-direita e extrema-direita
A Itália tenta retomar a discussão sobre um projeto-lei destinado a conferir a nacionalidade aos menores de 12 anos nascidos no país de pais imigrantes. A discussão da proposta que reconhece o direito do solo tinha sido adiada para o Outono face à oposição dos principais partidos de centro-direita e extrema-direita. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Angelino Alfano, tinha reconhecido na semana passada que, “a medida é boa mas surge num mau momento”, evocando a crise no acolhimento de migrantes no país. A extrema-direita da Liga Norte rejeita a reforma do chamado direito do sangue evocando uma alegada, “islamização de Itália”.
Uma posição denunciada pela comunidade muçulmana do país. Segundo Ilham Mounssif de 22 anos, nascida em Marrocos e a viver em Itália desde os dois anos de idade:
“O problema é que muitos partidos políticos são desonestos ao falarem da segunda geração como de potenciais terroristas. Este argumento é negativo mas eficiente em termos de propaganda política”.
A medida deverá conferir a nacionalidade italiana a cerca de 800 mil menores, metade dos quais originários de países europeus como a Roménia e a Albânia. Ao contrário do que afirma a extrema-direita, apenas um terço das crianças são descendentes de pais originários de países muçulmanos.
O Partido Democrata, atualmente no poder, deverá retomar a discussão da reforma no parlamento em Setembro defendendo, “a ideia de um país mais seguro porque mais inclusivo”, segundo o vice-presidente da formação e atual ministro da Agricultura, Maurizio Martina.