Presidente da Geórgia teme que Brexit desacelere o alargamento da UE a leste

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Entrevista exclsuiva com Giorgi Margvelashvili: Presidente da Geórgia teme que Brexit desacelere o alargamento da UE a leste

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Há quase seis meses que os cidadãos da Geórgia beneficiam da isenção de vistos para entrarem na área Schengen de livre circulação, um dos benefícios do Acordo de Associação com a União Europeia, que entrou em vigor em julho de 2016.

Este país do Cáucaso, e antiga república soviética, almeja entrar o mais cedo possível na União Europeia por razões políticas, económicas e de segurança.

Na memória está, ainda, fresca a guerra de cinco dias com a Rússia, em 2008, que levou à perda do controlo das regiões da Ossétia do Sul e da Abcázia, cuja autoproclamada independência é apenas reconhecida pelo governo de Moscovo.

Essa ameaça constante e os esforços para modernizar a economia e lutar contra a corrupção granjearam o apoio da União Europeia e a inclusão do país na sua Parceria do Leste.

A União Europeia é o maior parceiro comercial da Geórgia e dá mais de 100 milhões de euros, anualmente, em assistência técnica e financeira.

Tudo isto deu esperança ao país de entrar em breve no clube. Mas os problemas internos da própria comunidade, que pela primeira vez tem um Estado-membro que quer sair, fazem temer uma longa espera.

O Brexit e as influências da Rússia foram temas em destaque na entrevista do jornalista da euronews, Sergio Cantone, ao presidente da Geórgia, Giorgi Margvelashvili.

euronews: Senhor Presidente, não receia que os problemas na União Europeia, entre os seus países-membros, possam afetar a relação da União Europeia com a Geórgia, ou mesmo com a Ucrânia, que são ex-países soviéticos?

Presidente da Geórgia: Penso que esses problemas, os desafios que a União Europeia enfrenta, estão a desacelerar a integração da Geórgia. Não diria que, eventualmente, vão afetar o processo europeu ou mesmo travar a integração da Geórgia, mas estão definitivamente a desacelerar o processo.

euronews: Porquê?

Presidente da Geórgia: Bem, é óbvio que a União está construída com base na tentativa de ter um mecanismo de decisão democrática e inclusivo entre os Estados-membros, mas quando existe ambiguidade sobre algumas questões, tais como o Brexit, então a tomada de decisão desacelera e, claro, o fator russo é também chave neste processo.

euronews: Porquê? Qual é o fator russo? Qual é a conexão entre o fator russo e essas divisões dentro da União Europeia?

Presidente da Geórgia: Quando falo do fator russo não é no contexto das divisões da União Europeia, mas o fator russo na medida do seu envolvimento mais ativo na Ucrânia, na Geórgia e nos outros vizinhos da Rússia no que respeita ao processo europeu, porque a Rússia tem reagido de forma muito agressiva…

euronews: Sim, mas a Rússia, ao mesmo tempo, parece ter excelentes relações com alguns dos membros da União Europeia …

Presidente da Geórgia: Infelizmente, vemos que o preço a pagar por essas boas relações é, por vezes, o aumento da tensão na região, com impacto final em alguns países. Sei que quando se constrói um relacionamento bilateral com o governo de Moscovo e se esquecem os princípios, os valores básicos e a lei internacional, eventualmente os problemas acabarão por regressar. Essa é a lei da história.

euronews: Como chefe de Esstado de um país pós-soviético, o que é que pensa sobre o Brexit e outros, digamos, pequenos conflitos na União Europeia?

Presidente da Geórgia: Quando olhamos para o Brexit, esperamos que esse processo seja profundamente analisado e que sejam tiradas conclusões. As conclusões devem servir para melhorar a União Europeia e evitar o processo de desintegração. Sei que, de tempos a tempos, há uma forte retórica sobre o Brexit, mas acredito que haverá bom senso na abordagem política europeia.

euronews: Sim, mas, numa chamada Europa a duas velocidades, poderá haver mais oportunidades para países tais como o seu, bem como a Ucrânia e a Moldávia, se juntarem ao segundo grupo. Não acha?

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Presidente da Geórgia: Ainda não sabemos exatamente como será isso. Este grupo não faz parte da União Europeia, não é uma estrutura formal. Este grupo e etapas existentes dão-nos maiores possibilidades de nos aproximarmos da Europa, de uma forma ou de outra. Penso que, da perspectiva da Geórgia, é muito interessante que haja outros passos para a integração. É exatamento por isso que aguardamos por mais passos que nos levem até à meta final, que é passar a ser membro da União Europeia.

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