A última onda de violência sobre os muçulmanos Rohingya já deslocou mais de 400 mil para o Bangladesh. A líder de Myanmar falou sobre o tema pela primeira vez
A líder de Myanmar quebrou o silêncio e fez um discurso televisivo de 30 minutos na capital birmanesa sobre a onda de violência que fez com que mais de 400 mil muçulmanos Rohingya abandonassem o país, maioritariamente budista, em direção ao Bangladesh.
As Nações Unidas, que classificaram o caso dos Rohingyas como um “exemplo académico de limpeza étnica”, fez mais um apelo, pela voz do Secretário-Geral, António Guterres:
“As autoridades em Myanmar têm de pôr fim às operações militares, permitir acesso humanitário sem restrições e reconhecer o direito dos refugiados a regressar em segurança e com dignidade.
Em Myanmar, os Rohingya são considerados imigrantes ilegais e vistos como cidadãos do Bangladesh, mesmo que tenham residido no estado de Rakhine durante décadas. O Bangladesh olha-os como cidadãos birmaneses. A China posiciona-se na proximidade asiática, como deixa entender o embaixador chinês em Myanmar, Hong Liang: “O discurso vai ajudar a comunidade internacional a ter melhor entendimento sobre a situação aqui em Myanmar e em Rakhine.”
Aung San Suu Kyi foi prémio Nobel pela longa luta que manteve contra a imposição militar. No discurso que fez, referiu os Rohingya uma única vez, enquanto grupo militante que responsabilizou por “actos de terrorismo”. Declarou também que o governo precisa de tempo para apurar o que realmente se passa.
Abdul Hafiz é um refugiado Rohingya. Do discurso de Aung San Suu Kyi diz: “O que Aung San Suu Kyi disse ao povo dela e ao mundo é uma total mentira. Se o que ela disse não é uma mentira, então que deixe os media mundiais entrar em Rakhine para que possam ver se somos torturados ou felizes.
O conflito entre muçulmanos rohingya e budistas em Rakhine teve a 25 de agosto uma nova onda de violência numa contra-ofensiva militar de larga escala.