Porto/Post/Doc: Do céu caiu um meteorito

Porto/Post/Doc: Do céu caiu um meteorito
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De  Nuno Prudêncio
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"Meteors", o filme do turco Gülcan Keltek, foi o vencedor do Grande Prémio desta quarta edição.

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Onde estavam os media? Afinal, foi uma ofensiva de larga escala. Mas não se encontravam as câmaras de televisão e os drones cujas imagens galgam viralmente o mundo da informação sempre que "algo acontece". Assim começamos por falar em "Meteors". Trata-se do filme do turco Gülcan Keltek, vencedor do Grande Prémio da 4a. edição do Porto/Post/Doc, que terminou este domingo.

A récita começa com uma cena de caça. Depois atravessamos seis capítulos guiados pela presença fantasmática da atriz Ebru Ojen, pontuando imagens das operações militares da Turquia contra os curdos da Anatólia Oriental em setembro de 2015. 

Num mundo em colapso iminente, no meio do vazio que habita aquela população, a queda de meteoritos que se precipitam na atmosfera [episódio factual] vem suspender a violência. Do céu surge a intervenção que trava a animalidade bruta do confronto. No final, esta retoma graficamente o seu curso.

A obra já tinha sido distinguida na secção Cineastas do Presente em Locarno, onde também esteve presente "Dragonfly Eyes", do chinês Xu Bing, vencedor da Menção Honrosa do Porto/Post/Doc. A premissa é tão cativante, como o resultado hipnotizante: a equipa de Xu Bing perscrutou 10 mil horas de imagens captadas por sistemas de videovigilância para nos oferecer uma narrativa voyeurista de amor e tremenda violência.

Estes foram dois dos pontos de interesse num festival que soube partilhar tanto da experiência (tivemos o veterano Miroslav Janek a apresentar assombros como "Hamsa, Eu Sou" ou Don Letts a falar-nos das subculturas britânicas e a dar-nos música como poucos), como de novos olhares. Veja-se a ideia de dar ao trabalho dos jovens e profícuos André Santos e Marco Leão uma retrospetiva.

O que fica é uma sensação de aprofundamento. Ainda mais quando se sabe que o Instituto do Cinema e Audiovisual vai passar a apoiar um evento que conseguiu lotar sessões e chamar mais de 12 mil pessoas, segundo a organização, a usufruírem de um parênteses de "realidade" no agitado coração do Porto.

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