Oposição no Peru exige demissão do Presidente Kuczynski

A oposição no Peru, liderada pelo partido Força Popular, exige a demissão do Presidente da República no âmbito do escândalo da construtora brasileira Odebrecht levantado pela investigaçao "Lava Jato" no Brasil.
Pedro Pablo Kuczynski diz-se inocente e admitiu autorizar o levantamento do sigilo bancário para afastar as suspeitas que pairam sobre eventuais subornos feitos às suas empresas pela construtora brasileira Odebrech para garantir obras públicas no Peru.
A disputa política está ao rubro. O congressista Gilbert Violeta, do partido do Presidente, o Peruanos pela Mudança, sublinhou a atitude do líder em colocar-se "à disposição do ministério Público e do poder judicial."
"De maneira absolutamente transparente, [o Presidente] vai abrir toda a informação pessoal para que não existam quaisquer dúvidas sobre os trabalho que realizou, os pagamentos que recebeu e a legalidade absoluta do que que fez", afirmou Gilbert Violeta, numa conferência de imprensa improvisada. O porta-voz do Força Popular, Daniel Salaverry, sublinhou o que diz ser a vontade do "povo peruano": "Que o Presidente renuncie e se dê uma transição constitucional para que o vice-presidente da República assuma a presidência do Peru."
O "caso Odebrecht" está a seguir o rasto de alegados subornos a funcionários públicos peruanos, efetuados entre 2005 e 2014.
Esse período cobre os mandatos presidenciais de Alejandro Toledo (2001-2006), com mandado de captura por alegadamente ter recebido um suborno de 20 milhões de dólares; Alan García (2006-2011), implicado no processo de entrega de donativos ao Metro de Lima; e Ollanta Humala (2011-2016), que foi preso por suposto financiamento irregular das suas campanhas.
O caso Odebrecht também implica vários governos regionais, como os de Cuzco e Callao, além da ex-autarca de Lima Susana Villarán, que alegadamente terá financiado a campanha contra o referendo organizado para a censura com fundos das brasileiras Odebrecht e OAS.
Entre os políticos implicados no Peru surgiu também o Presidente da República.
Pedro Pablo Kuczynski foi convocado pelo Ministério Público para prestar declarações, a 21 de dezembro, no âmbito das investigações sobre a atuação da construtora brasileira Odebrecht no Peru.
A Odebrecht está envolvida no esquema de corrupção investigado pela "Operação Lava Jato" e um dos seus administradores, Marcelo Odebrecht, foi condenado a mais de 19 anos de prisão.
A "Operação Lava Jato" é uma investigação que está a decorrer no Brasil, liderada pelo Ministério Público Federal, sobre um grande esquema de corrupção que envolve políticos, empresários, entre outros, e que tem ainda ramificações no estrangeiro.