Os comentários da ONG "Hear their cries", que tinha já alertado para casos de pedofilia, seguem-se à revelação de práticas generalizadas de abusos sexuais no seio da ONU.
Depois das revelações do jornal The Guardian sobre a prática generalizada do assédio e agressão sexual nas Nações Unidas, a euronews falou em exclusivo com o autor de um relatório da ONG Hear Their Cries que punha já em causa as missões da ONU, sobretudo no que toca a casos de pedofilia.
Peter Gallo contou, via skype, que existe uma cultura de impunidade no seio da organização e muitas mulheres não denunciam os alegados abusos de que foram vítimas por medo de retaliações ou de não serem promovidas. É algo que acontece nas missões no terreno, mas também nos corredores e gabinetes em Nova Iorque ou Genebra: "É um problema que acontece em todo o espetro da organização. Se é pior nas operações no terreno do que nas sedes? Penso que sim, mas não sabemos, porque não há provas concretas. A autorregulação não funciona e a razão principal para isso acontecer é que não há supervisão e esse é o grande problema da ONU. Os casos não são investigados de forma a serem levados a tribunal".
Embora esta investigação seja mais abrangente e fale também do que se passa nos gabinetes, os casos de violência sexual em missões da ONU não são novidade. O secretário-geral António Guterresadmitiu em 2016 haver mais de 300 vítimas, incluindo um grande número de crianças, e prometeu lutar contra a situação.