A Amnistia Internacional acha que sim
Numa manhã normal em Kutupalong, num campo de refugiados Rohingya que fica no Bangladesh, as pessoas juntam-se, em filas, enquanto esperam que a comida chegue em carrinhas de caixa-aberta.
"Chegavamos a passar fome durante cinco dias seguidos"
Refugiado Rohingya
Ao verem as farinhas a ser descaregadas, estes refugiados veem algo que já não viam há muito tempo: comida.
Neste campo, há histórias de famílias inteiras que fizeram centenas de quilómetros para terem apenas uma garantia: ter o que comer.
Os Rohingya, uma minoria muçulmana que é não aceite no Mymamar, contam aos jornalistas que lhes retiraram tudo para que fossem obrigados a sair do país. Há relatos de aldeias destruídas, roubo de animais, os quais eram, muitas vezes, o único sustento daquelas pessoas.
Mohammad Ilyas, refugiado Rhoingya que vive neste campo no Bangladesh, diz que chegou a não ter o que comer.
*"Chegavamos a passar fome durante cinco dias seguidos. Sobreviviamos a comer bananas e abóbora."
*
Como Mohammad Ilyas, há muitos mais refugiados com a mesma história.
Uma espécie de "genocídio" (termo usado pelo governo dos EUA) que recorre à fome.
A Amnistia Internacional deixa uma alerta para estes ataques à fragilidade da população Rohingya, num documento que retrata o problema.
"Queimaram mercados onde os Rohingya tinham os negócios de família. Assistimos a uma tomada dos campos de plantação de arroz, que fazia parte do sustento dos Rhoingya. Roubaram aves e gado.", diz Matthew Wells, o conselheiro de Crise da Amnistia Internacional.
*** "Além dos assassinatos generalizados, da violência sexual e dos incêndios das aldeias, o que documentamos na Amnistia é realmente toda uma série de esforços que privaram muito da população Rohingya".***
Apesar do governo do Myammar negar esta teoria de "limpeza" dos Rohingya através a fome, em poucos meses 700 mil pessoas desta minoria saíram do país em direção ao Bangladesh, à procura apenas de uma coisa: sobreviver.