Gritos de "justiça" por Marielle Franco e um novo assassinato

Milhares de brasileiros manifestaram-se no Rio de Janeiro e noutras cidades do país para pedir justiça, uma semana depois do assassinato da vereadora Marielle Franco, voz crítica da intervenção militar na grande metrópole e que tinha voltado a denunciar a violência policial, um dia antes de ser morta a tiro, juntamente com o condutor.
Uma manifestante dizia: "Eu espero justiça. Pelo menos neste caso, eu espero que descubram quem fez isto."
Originária da favela da Maré, Franco integrava a comissão criada para supervisionar as operações policiais, no quadro da intervenção do Exército na segurança do Estado do Rio de Janeiro, decidida pelo presidente Michel Temer há um mês.
As últimas homenagens à ativista de 38 anos ocorreram no mesmo dia em que Paulo Henrique Dourado Teixeira, vereador suplente do conselho de Magé, na região metropolitana do Rio, foi também assassinado a tiro, num crime que, segundo os investigadores, poderá ter motivações políticas.
Esta terça-feira, o fabricante brasileiro Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos doaram 100 fuzis e 100.000 munições para a intervenção na segurança pública no Rio. Durante o ato, o coronel Roberto Itamar, porta-voz do Gabinete de Intervenção Federal, fez referência à morte de Franco:
"O Gabinete de Intervenção acompanha as investigações conduzidas pela secretaria de Estado da Segurança, através da delegacia de homicídios, e tem confiança que, num prazo muito próximo, teremos notícias e teremos esse crime desvendado."
Declarações feitas ao mesmo tempo que cresce a polémica em torno da munição usada para matar a vereadora: balas fabricadas pela Companhia Brasileira de Cartuchos que pertencerão a um lote roubado à Polícia Federal em 2006.