Myanmar e Bangladesh trocam acusações por causa dos rohingya

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Imagem de arquivo de refugiados rohingya no Bangladesh Direitos de autor REUTERS/Mohammad Ponir Hossain
De  Francisco Marques
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Delegação da antiga Birmânia visitou um acampamento, criticou condições humanas e acusa país vizinho de estar a atradar o repatriamento acordado

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Myanmar e Bangladesh mantêm um braço de ferro devido aos refugiados rohingya que continuam sem ser repatriados para a antiga Birmânia.

O ministro da Segurança Social de Myanmar, Win Myat Aye, visitou há pouco mais de uma semana um acampamento de refugiados no país vizinho e em conferência de imprensa testemunhoiu as "pobres condições" em que os rohingya ali vivem.

O ministro acusou os responsáveis do Bangladesh de não terem distribuído os formulários de identificação acordados em dezembro para ser dado início ao repatriamento aceite no mês anterior de cerca de 750 mil membros da comunidade rohingya que haviam fugido do país.

Win Myat Aye acrescentou mesmo que alguns rohingya nem sabia do processo que lhes permitia voltar a casa.

O Bangladesh sacode para Myanmar a responsabilidade pelo atraso nos repatriamentos e apela à assistência internacional para acelerar o processo.

A Organização Internacional para a migração emitiu entretanto um alerta para as condições humanitárias dos refugiados rohingya nos acampamentos do Bangladesh.

Os efeitos da época da monções já se começam a fazer sentir. As primeiras chuvas já provocaram inundações e a IOM (sigla inglesa) apela a mais fundos o custo das operações de proteção dos refugiados "excede os atuais recursos financeiros e os prometidos", lê-se num artigo do organismo.

Muitos membros desta minoria islâmica continuam, entretanto, a fugir de Myanmar.

Fariq Muhammad acaba de chegar à Indonésia. Conta-nos ter sido "forçado a partir".

"Como não podia trabalhar, viver em Myanmar tornou-se muito difícil. Nem sequer podia ter documentos de identidade", queixou-se.

Fariq faz parte de um grupo de mais de 70 refugiados, incluindo oito crianças e 25 mulheres, que chegou este fim de semana ao noroeste da Indonésia a bordo de um barco de madeira, com sintomas de fadiga e desidratação.

Fariq Muhammad contou à Associated Press ter pago o equivalente a 120 euros por um lugar no barco.

A embarcação foi intercetada por uma fragata da marinha tailandesa e escoltada por um barco patrulha também da Tailândia até que fosse avistada terra.

O grupo terá ficado desapontado por ter sido levado para a Indonésia porque o destino pretendido seria a Malásia.

Em Myanmar, a minoria islâmica rohingya é considerada ilegal, não pode ter documentos de identidade e tem sido perseguida. Às vezes, até à morte.

A fuga dos rohingya de Myanmar começou em 2015, tendo como destinos a Tailândia, a Indonésia e a MAlásia. Muitos morreram no mar.

No ano passado, de acordo com alguns grupos humanitários, inclusive com ligação às Nações Unidas, pelo menos 700 mil membros desta comunidade teriam fugido para o Bangladesh do que foi descrito por certos organismos internacionais como uma tentativa de limpeza étnica.

A maioria budista no Bangladesh rejeita as acusações.

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Para retornarem ao país, os rohingya exigem direitos à identidade, à propriedade e à educação.

Outras fontes • Dhaka Tribune, Prothomalo

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