Nas duas próximas semanas, iremos ouvir os depoimentos das famílias e amigos das 72 vítimas.
Na abertura do inquérito oficial ao incêndio na Torre Grenfell, a ter lugar no hotel Gloucester Millenium, não muito longe da Torre Greenfell, o processo de depoimentos está a revelar-se desde já perturbante. Nas duas próximas semanas, serão ouvidos os depoimentos das famílias e amigos das 72 vítimas, que com a ajuda de vídeos e declarações escritas, irão prestar informações sobre o sucedido e sobre as vítimas.
O primeiro depoimento foi o de Márcio Gomes, que conseguiu saír, juntamente com a mulher e as duas filhas, do apartamento do 21º andar mas cujo filho, cuja imagem de ecografia foi mostrada enquanto falava, nasceu morto horas depois. "Peguei o meu filho nos meus braços rezando para que fosse tudo um mau sonho, esperando por um milagre, que abrisse os olhos, se mexe-se ou produzisse um som. Mas, como se sabe, isso nunca aconteceu," disse.
Mais tarde foi ouvida uma vítima, Mohammed 'Saber' Neda, que mandou uma mensagem telefónica á sua família. Neda era um refugiado nascido no Afeganistão que fugiu aos Taliban. Vivia no último andar da torre Grenfell e o seu corpo foi encontrado perto do local. Na mensagem disse: "Adeus. Estamos a partir deste mundo, adeus. Espero que não vos tenha desapontado. Adeus a todos."