Irão provoca novo braço-de-ferro entre Bruxelas e Washington

Trump aplica sanções ao Irão e União Europeia cria escudo anti-sanções
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De  Francisco Marques com Reuters
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União Europeia atualiza legislação para proteger empresas com negócios legitimos das sanções americanas ao regime de Teerão

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Donald Trump e União Europeia iniciaram mais um braço-de-ferro comercial. Agora por causa do Irão.

O presidente dos Estados Unidos ratificou segunda-feira a ordem executiva para a reposição das sanções contra Teerão por causa do alegado não cumprimento da desnuclearização prevista no acordo celebrado em 2015.

Apostada em defender e preservar esse mesmo acordo nuclear com o Irão, a União Europeia atualizou a legislação de bloqueio às sanções extraterritoriais externas "sobre os operadores económicos da UE que exercem uma atividade legal com países terceiros."

A atualização da legislação europeia passa a incluir na lista as sanções americanas ao Irão e anula na UE o efeito de quaisquer decisões judiciais estrangeiras baseadas nessas sanções.

As renovadas regras de Bruxelas proíbem ainda as empresas europeias de suspender, sem autorização de Bruxelas, os negócios no Irão por causa de sanções constantes da lista agora atualizada.

Já esta terça-feira, Donald Trump recorreu ao Twitter para anunciar o agravamento das sanções ao Irão já em novembro e ameaçar quem negociar neste país do Médio Oriente com o impedimento em fazer negócios nos Estados Unidos.

Tudo apenas em nome da "paz no mundo", concluiu o presidente americano.

Tal como a União Europeia, que, numa declaração conjunta assinada pela Alta Representante Federica Mogherini e os ministros dos Negócios Estrangeiros de Alemanha, França e Reino Unido, afirmou ser "crucial" manter o acordo nuclear com o Irão para a "segurança da Europa, da região e de todo o mundo."

O regresso das sanções americanas já está contudo a surtir efeitos negativos na economia iraniana. A fabricante automóvel alemã Daimler/Mercedes anunciou a suspensão dos negócios acordados em 2016 com vista ao lançamento de operações até final deste ano no Irão.

A americana Boeing já se mostrou conformada com a decisão da Casa Branca e suspendeu a entrega de uma primeira remessa de aviões prevista para o final deste ano.

Outras empresas europeias estão também sob ameaça das sanções americanas ao Irão. É o caso da Airbus, da PSA (Peugeot-Citroen) ou da Total.

Falta ver agora o impacto que a atualização da legislação de bloqueio europeia, implemnetada esta terça-feira, 07 de agosto, vai ter junto das empresas.

Será a proteção de Bruxelas mais forte que as sanções de Washington? O braço-de-ferro está na mesa da geopolítica.

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