A igreja católica australiana considera que a quebra do sigilo das confissões não está exclusivamente ligada à segurança das crianças e que, nalgumas circunstâncias, até pode colocá-las em perigo.
Apesar dos abusos sexuais sobre crianças estar a ensombrar a igreja católica, a conferência episcopal australiana rejeita a recomendação de uma comissão governamental para que os sacerdotes denunciem às autoridades casos de pedofilia de que tenham tido conhecimento durante confissões.
É uma das 409 recomendações da comissão que investigou os abusos sexuais a menores no país. O arcebispo Mark Coleridge, presidente da conferência episcopal, explica porquê.
"Não se trata de nos considerarmos acima da lei ou porque não pensamos que a segurança das crianças é importante, é importante! Mas não aceitamos que a salvaguarda e o selo da confissão sejam mutuamente exclusivos. Não acreditamos que a abolição do segredo da confissão tornará as crianças mais seguras. De fato, nalgumas circunstâncias, pode até torná-las menos seguras", disse.
Na investigação da comissão foram ouvidos os testemunhos de mais de oito mil alegadas vítimas de abuso sexual em instituições religiosas, 62% das quais católicas.
Outra recomendação foi o fim do celibato dos padres, uma matéria a quem a igreja católica australiana pediu conselhos ao Vaticano.
A reação da igreja acontece um dia depois do arcebispo Philip Wilson ter recorrido da sentença de um ano em prisão domiciliária por ter encoberto abusos sexuais de menores na região australiana de Nova Gales do Sul.