Membros destacados da Administração Trump jogam ao jogo do "não fui eu," enquanto o presidente apela ao New York Times que revele o nome do autor "covarde" do artigo de opinião.
A Casa Branca vive momentos de tensão e paranoia, depois do artigo de opinião anónimo publicado no New York Times, que denuncia as más decisões de um presidente dos Estados Unidos "errático" e "irresponsável" e que fala na existência de uma "resistência interna" na Administração Trump.
Entre comunicados e desmentidos, vários foram os membros do Governo que se apressaram a esclarecer perante a opinião pública que não eram responsáveis pelo artigo e a rejeitar a atitude do diário nova-iorquino.
A vice-presidência publicou um comunicado, insistindo na inocência de Mike Pence. "O vice-presidente assina as tribunas que escreve," disse, no Twitter, o porta-voz.
Aos jornalistas, Pence disse que a situação era "uma desgraça."
"O artigo de opinião anónimo publicado no New York Times representa uma falta de nível sem igual no jornalismo Americano e penso que o New York Times deveria ter vergonha. E penso que quem escreveu este artigo também deveria ter vergonha."
Em viagem oficial à Índia, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que o texto não era de sua autoria.
A mesma mensagem chegou dos serviços de comunicação do secretário da Defesa, Jim Mattis.
Dan Coats, diretor nacional dos Serviços Secretos norte-americanos, apressou-se também a defender-se do que referiu como "rumores." "As especulações segundo as quais a tribuna do New York Times foi escrita por mim são falsas," referiu em comunicado.
Críticas de Melania Trump
Mais inesperada foi a reação da primeira-dama, Melania Trump. Num comunicado enviado à CNN, a mulher do presidente criticou que o autor do artigo de opinião pudesse permanecer no anonimato.
"Vocês não protegem o país. Vocês prejudicam-no com as vossas ações covardes."
No Twitter, Sarah Sanders, a porta-voz da Casa Branca, disse que a obsessão dos jornalistas com a identidade do autor prejudica quem trabalha para o presidente.
Mas Donald Trump pensa que até seria um "bom furo para um jornalista" descobrir quem escreveu no Times.
Quinta-feira, Trump disse aos jornalistas, durante um meeting no Montana, que o New York Times deveria revelar o nome do "covarde" que escreveu o artigo de opinião.
"Ninguém sabe quem sabe," disse o presidente em Billings, onde teve lugar o centro. O presidente Trump disse que quem escrevia sob anonimato defendia os próprios interesses e que representavam "uma ameaça contra a democracia."
O diário defende a decisão que tomou e diz que o artigo dá a conhecer à opinião pública dos Estados Unidos o que realmente se passa nas esferas do poder, em Washington e na Casa Branca. O anonimato, diz o Times, é uma forma de garantir que quem faz as denúncias não perde o emprego.