O caso judicial do alegado segurança do Presidente de França, a demissão do ministro da Ecologia e agora o anúncio do ministro do Interior estão a provocar ondas de choque pela Europa
Alexandre Benalla simboliza o início do abalo sísmico no executivo de Emmanuel Macron, com réplicas nos Ministérios da Ecologia e no do Interior.
O alegado segurança do presidente de França, filmado no 01 de maio a agredir manifestantes durante a intervenção policial numa manifestação, desmentiu esta quarta-feira, numa audição perante o Senado, jamais ter sido guarda-costas de Emmanuel Macron.
Sem abordar o caso do 01 de maio, que está a ser alvo de uma investigação judicial paralela, os senadores procuraram apurar um eventual abuso de funções no Eliseu, qual o nível de proximidade entre o segurança e o Presidente, e como teria conseguido o funcionário o direito de posse de arma.
Alexandre Benalla garantiu nada mais ter sido no Eliseu do que um oficial de logística e agente de ligação entre serviços. A verdade é que o caso prossegue.
A somar ao escândalo do segurança em julho, o Eliseu voltou a ser abalado no final de agosto com a demissão do ministro da Ecologia, Nicolas Hulot.
Agora é o Ministério do Interior a tremer. Gerard Collomb anunciou esta semana o desejo de se recandidatar à câmara de Lyon, de onde saiu há um ano.
Em entrevista à revista L'Express, Collomb afirmou: "Não serei ministro até ao último minuto."
"Os ministros que pretendem candidatar-se às eleições munipais de 2020 deve, a meu ver, deixar o governo depois das eleições europeias", acrescentou o ainda ministro do Interior e antigo presidente da câmara de Lyon entre 2001 e 2017.
As municipais estão marcadas em França para 2020 e Collomb prevê deixar o executivo de Macron em maio, após as europeias, obrigando o Presidente a encontrar um novo "peso pesado" para o lugar.
O correspondente da Euronews em Paris, Stefan de Vries, lembra-nos, a terminar, que "quando o escândalo Benalla surgiu, a meio de julho, Emmanuel Macron disse tratar-se de uma tempestade num copo de água."
"Dois meses depois, percebe-se que o caso teve um impacto sério na credibilidade do presidente. Tanto em França como na Europa. Depois de Benalla, da demissão de Nicolas Hulot e dos maus resultados económicos do país, os dirigentes europeus começam a duvidar da capacidade dele para reformar a França e a Europa. Mais do que charme, Macron vai precisar de bons argumentos para convencer os parceiros europeus de que ainda está à altura do desafio", remata Stefan de Vries.