Portugal mantém "imunidade" à pressão populista

Portugal mantém "imunidade" à pressão populista
Direitos de autor REUTERS/Rafael Marchante
De  Isabel Marques da Silva
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Na proposta de Orçamento do Estado para 2019, o governo português estima um défice de 0,2% do PIB. Portugal é frequentemente elogiado como o "bom aluno" da zona euro, em contraste com a Itália, que planeia aumentar os gastos. Até agora, a "imunidade" portuguesa ao populismo tem sido forte.

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Na proposta de Orçamento do Estado para 2019, o governo português estima um défice de 0,2% do PIB, com a ambição de o fixar em 0% do PIB até 2020.

Portugal é frequentemente elogiado como o "bom aluno" da zona euro, em contraste com a Itália, que planeia aumentar os gastos, indo contra as regras para os países da moeda única.

Até agora, a "imunidade" portuguesa ao populismo tem sido forte, em comparação com as tendências que se vêem nos Estados-membros da Europa central e de leste.

Mas os principais partidos políticos devem estar vigilantes, disse um analista à enviada especial da euronews a Lisboa, Isabel Marques da Silva.

"Não há partido nenhum representado no Parlamento que tenha esse tipo de discurso. Obviamente que não estamos isentos de que essa situação venha a acontecer, sobretudo, porque sabemos que em Portugal as pessoas estão muito desligadas da política. Apoiam a democracia enquanto regime ideal, mas não confiam nos partidos, não confiam necessariamente nos governantes. Essas doses de desconfiança podem ser, um dia, aproveitadas por alguém com estatuto mediático para fazê-lo ", explicou João Tiago Gaspar, cientista político da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Embora mantenha uma disciplina financeira rígida, o governo socialista reverteu muita da austeridade imposta pela troika, com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista.

Outro grande desafio à integração europeia tem sido a gestão dos fluxos migratórios, mas Portugal tem sido um bom aluno e ocupa a sexta posição no número de refugiados acolhidos no âmbito do programa de recolocação da União Europeia.

O palestiniano Hindi Mesleh resolveu mesmo trocar Bruxelas por Lisboa por conta própria: "Estou muito feliz por estar aqui. Os salários não são os mesmos que no resto da Europa, temos precisa desistir de alguma coisa para conseguir outras coisas. Portugal é seguro, o clima é ótimo, as pessoas são muito acolhedoras", disse à euronews.

O facto de 2,3 milhões de portugueses serem emigrantes e de o país ter uma tendência demográfica muito negativa pode ajudar a explicar a abertura de Portugal aos migrantes e a defesa de uma abordagem comum europeia por parte do governo.

"Estou segura que vamos conseguir inverter essas tendências mais xenófobas. Se por um lado, vemos emergir uma determinada vaga política de resistência, de não reconhecimento de valores e direitos humanos básicos e alguma recusa de alguns princípios de solidariedade que estão na base da construção do projeto europeu, Portugal não é um desses países", afirmou Rosa Monteiro, secretária de Estado da Cidadania e Igualdade.

O grande teste político para o projeto e os valores da UE serão as eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2019.

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