No primeiro discurso público desde o assassinato de Jamal Khashoggi, rei da Arábia Saudita evita referência ao caso do jornalista dissidente
Na primeira intervenção pública desde a morte de Jamal Khashoggi, o rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz, felicitou o Ministério Público e a Justiça do seu país, sem qualquer menção ao assassinato do jornalista dissidente no consulado saudita em Istambul, a 2 de outubro.
Riade enfrenta uma pressão crescente do Ocidente para elucidar o caso.
Em coordenação com parceiros europeus, a Alemanha decidiu avançar com novas sanções. O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, explicou que, em coordenação com a França e o Reino Unido, a Alemanha "decidiu proibir a entrada de 18 cidadãos sauditas suspeitos de ligações com o crime". Heiko Hass explicou que o seu país está a trabalhar "em grande coordenação com a União Europeia".
Berlim, que já no mês passado tinha imposto uma proibição à venda de armas à Arábia Saudita até que as circunstâncias do assassinato fossem esclarecidas, endureceu a posição anunciando a intenção de interromper também as exportações de armamento aprovadas antes da interdição e ainda não executadas.
Estas decisões surgem depois da CIA ter dito que o príncipe herdeiro saudita, um aliado próximo do presidente norte-americano, está por trás do crime.
Questionado este fim-de-semana sobre se Mohammed Bin Salman lhe terá mentido, Donald Trump afirmou não saber e acrescentou que "ele tem muitas pessoas que dizem que ele não sabia de nada e ele próprio disse-lhe [...] umas cinco vezes, a última das quais há poucos dias, [...] que não teve nada a ver com isso".
Riade já modificou por várias vezes a versão oficial sobre o que aconteceu a Khashoggi. A Justiça saudita admitiu recentemente que o jornalista foi drogado e desmembrado no consulado e acusou formalmente até ao momento onze suspeitos.