João Lourenço e o "ninho de vespas" no governo Dos Santos

Marcelo Rebelo de Sousa ladeado por João e Ana Dias Lourenço
Marcelo Rebelo de Sousa ladeado por João e Ana Dias Lourenço Direitos de autor © 2016-2018 Presidência da República Portuguesa
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De  Ana SerapicosFrancisco Marques com Lusa
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Primeira visita a Portugal do novo Presidente de Angola marcada pela troca de argumentos à distância com o antecessor e Isabel dos Santos

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Combater a corrupção tem sido o principal mote de João Lourenço desde que assumiu a cadeira de Chefe de Estado de Angola, em setembro do ano passado.

O presidente da antiga colónia portuguesa admite sentir "*picadelas", mas garante não ter medo de enfrentar o anterior executivo de José Eduardo dos Santos.

Numa entrevista à revista E, do Expresso, João Lourenço criticou o antecessor e o respetivo silêncio após ter sido acusado de deixar os cofres de estado vazios.

Eduardo dos santos respondeu entretanto. Naquela que foi a primeira declaração pública, sem direito a perguntas dos jornalistas, o ex-Presidente de Angola garantiu esta quarta-feira que quando saiu do governo em 2017, após 38 anos no olugar, deixou nos cofres do Banco Nacional de Angola mais de 15 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros).

João Lourenço e a mulher Ana Dias Lourenço foram recebidos esta semana em Portugal com pompa e circunstância e, mesmo ao lado do homólogo português, o líder angolano não deixou o atrito com o governo anterior cair no esquecimento.

"Quando nos propusemos a combater a corrupção em Angola tínhamos noção de que precisávamos de ter muita coragem. Sabíamos que estávamos a mexer num ninho de marimbondos", afirmou o Presidente angolano, referindo-se a um tipo de vespa predadora de aranhas.

O ataque levou a filha do antigo Presidente a sair em defesa do pai. Mais ativa nas redes sociais, Isabel dos Santos, que também tem estado no alvo do novo Chefe de Estado, reforçou pelo Twitter as palavras de José Eduardo dos santos, garantindo que os cofres tinham ficado recheado em várias publicações divulgadas quarta-feira.

"Em setembro, segundo os dados do Banco Nacional de Angola e Fundo Monetário Internacional, o ex-Presidente deixou 19,8 mil milhões de dólares (17,3 mil milhões de euros)", lê-se numa das publicações da empresária angolana, onde também surge anexada uma hiperligação para a página de boletins estatísticos do BNA.

João Lopurenço deixou ainda um aviso: "Angola tem 28 milhões de habitantes. Não há 28 milhões de corruptos. Que ninguém pense que por muitos recursos que tenha, e de todo o tipo, consegue enfrentar os milhões que somos."

Uma visita de Estado com Honras Militares

Passaram nove anos desde a última visita de um chefe de Estado de Angola a Portugal. Os presidentes de ambos os países garantem que um intervalo tão longo não voltará a acontecer.

Marcelo Rebelo de Sousa já tem agendada uma viagem a Luanda em 2019.

No arranque da presente visita a Lisboa, João Lourenço e a primeira-dama angolana foram recebidos pelo Presidente português na Praça do império, diante do Mosteiro dos Jerónimos, com Honras Militares, a execução dos hinos de ambos os países acompanhados por uma salva de 21 tiros seguida de uma revista e desfile da Guarda de Honra.

Após a apresentação das respetivas delegações, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou João Lourenço com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique e a Primeira-Dama angolana com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

O Presidente de Angola marcou ainda presença na Sessão Solene Plenária na Assembleia da República, onde discursou perante o plenário.

Outras fontes • Presidência da República Portuguesa

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