Barnier e May em "sprint" para evitar "tragédia britânica"

Michel Barnier (UE) e Theresa May (Reino Unido) promovem acordo do Brexit
Michel Barnier (UE) e Theresa May (Reino Unido) promovem acordo do Brexit Direitos de autor REUTERS/ Yves Herman/ Henry Nicholls
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De  Francisco Marques
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Acordo do "brexit" não está a convencer os deputados britânicos com o futuro económico do reino de Sua Majestade em contagem decrescente para 11 de dezembro

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Um dia após as trágicas antevisões do Banco de Inglaterra e do Ministério das Finanças para a economia do Reino Unido em caso de um "brexit" sem acordo, a primeira-ministra britânica voltou a apelar esta quinta-feira à aprovação do "divórcio amigável" com Bruxelas perante uma comissão de deputados da Câmara dos Comuns.

O acordo está em processo de análise pelos diversos partidos do reino e está a encontrar diversas ameaças de bloqueio à aprovação de um acordo descrito como solução única e a menos má de uma separação que, na ótica europeia, será sempre mau para ambos os lados.

Theresa May está a sentir grandes dificuldades para convencer os deputados britânicos a aprovar o que diz ser a única opção para um "brexit" mais ligeiro e isso ficou expresso no diálogo mantido com Hilary Benn, deputado do Partido Trabalhista.

Theresa May: "O acordo que negociámos é o melhor para os trabalhadores e para a economia. Honra o referendo e permite-nos aproveitar as oportunidades do Brexit."

Hillary Benn: "Haverá um pior acordo do que nenhum acordo?"

Theresa May: "O acordo que negociámos não é esse certamente. É um bom acordo!"
Hilary Benn: "Mas acabou de nos dizer que um 'não acordo' pode não ser o pior resultado porque pode haver um ainda pior. A que se referia?"

Theresa May: "Não temos na mesa um acordo que se encaixe nessa categoria."

Parlamento Europeu à espera

O negociador-chefe da União Europeia para o "brexit" reforçou em Bruxelas os apelos de Theresa May.

Perante um Parlamento Europeu quase vazio numa sessão dedicada a debater o "divórcio" com os britânicos, o francês Michel Barnier falou de um acordo em que ambos os lados vão perder, mas que é o melhor possível para todos.

"Dadas as difíceis circunstâncias desta negociação e a extrema complexidade desta saída britânica, este acordo sobre a mesa, num projeto de saída ordenada e a respetiva declaração política, é único e é o melhor possível", reiterou Barnier.

Entre os poucos deputados europeus presentes, um dos mais atentos foi o britânico Nigel Farage, um dos rostos do "brexit".

O eleito pelo nacionalista UKIP não resistiu a mais um ataque a Theresa May.

"Senhor Barnier, gostava que estivesse do nosso lado. Mesmo. Porque foi jogo, 'set' e encontro (nr.: terminologia de triunfo num jogo de ténis) para si. Talvez não acredite na sorte que teve de enfrentar um primeiro-ministro britânico que aceitou todas as exigências europeias, enquanto ao mesmo tempo tentava iludir o povo britânico. Levou-o à grande cimeira de domingo e em 38 minutos tinha tudo despachado e estavam prontos para almoçar", ironizou Farage, perante algumas palmas da respetiva bancada.

A bola está contudo agora totalmente no lado do Reino Unido. A perspetiva, por enquanto, é de que o acordo vai esbarrar na reprovação pelo parlamento britânico, ameaçando a economia britânico com um cenário tenebroso a começar logo no dia seguinte ao "brexit", isto é, 30 de março.

O Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla original), o Trabalhista escocês, os Liberais Democratas e os Verdes escoceses mostram-se unidos no propósito de se oporem ao acordo celebrado por May com Bruxelas

Theresa May deixou inclusive alguns sinais perante a comissão parlamentar de já estar a preparar um plano de contingência para a eventualidade de um "brexit" sem acordo.

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