Sérvios não desmobilizam e continuam a organizar manifestações massivas contra o presidente, acusado de autoritarismo.
Há dez semanas que é assim: milhares de pessoas saem às ruas de Belgrado em protesto contra o presidente da Sérvia.
Aleksandar Vucic é acusado de autoritarismo, de instaurar um sistema repressivo contra os órgãos de comunicação social e de não fornecer respostas sobre o homicídio do opositor político Oliver Ivanovic no Kosovo, no início do ano passado.
Uma das organizadoras desta marcha, Jelena Anasonovic, explicou-nos que o objetivo é "mudar o contexto de violência que se tornou na forma de governar do Partido Progressista Sérvio".
"Nem que 5 milhões de pessoas saiam às ruas para protestar", é uma frase célebre de Vucic que os manifestantes usam agora em faixas para ilustrar o clima de intransigência.
Horas antes deste último protesto, falámos com Jovo Bakic, analista político e professor de Sociologia na Universidade de Belgrado. "Estes protestos estão a tornar o regime muito instável. O governo está finalmente a perceber que não pode fazer aquilo que lhe apetece. E essa é a mensagem mais importante destas manifestações", aponta Bakic.
As estreitas ligações do presidente sérvio a Moscovo são também motivo de controvérsia numa mobilização que se alastra agora a dezenas de cidades.
Vucic tornou-se primeiro-ministro em 2014, presidente em 2017 e já evocou a possibilidade de eleições antecipadas para acalmar os ânimos. Mas a oposição rejeita esse cenário enquanto não houver garantias de eleições livres, sem o espetro de interferências do poder.
O jornalista Jorgen Samso sublinha que "o presidente Vucic afirma agora que está disposto a dialogar com os cidadãos, mas salienta que não vai ceder a qualquer tipo de chantagem por parte da oposição. Ou seja, o impasse político continua, à medida que os protestos se espalham por todo o país".