Igreja Católica condenada no Chile por caso de pedofilia

É uma decisão sem precedentes: três homens, vítimas de abusos sexuais na infância por parte de um padre, fizeram com que a Igreja Católica chilena fosse condenada a pagar-lhes indemnizações.
O Tribunal da Relação de Santiago revogou uma sentença de primeira instância que negava a reparação de factos já prescritos no domínio penal. Mas estes homens não desistiram.
"Há já muito tempo - nalguns casos, há mais de 20 anos - que procuramos justiça e explicações. Não é tanto por nós. É porque sabemos que a justiça é a única forma de garantir que este tipo de crime não volta a acontecer. E se acontecer, ninguém ficará impune", declarou José Murillo, um dos queixosos.
Cada uma das vítimas vai receber 130 mil euros. A Arquidiocese de Santiago do Chile já anunciou que não vai recorrer da decisão.
"Este veredito é um passo importante no processo que encetámos para restabelecer a justiça e a confiança na Igreja de Santiago", anunciou Celestino Aos, administrador apostólico.
Segundo o veredito neste processo civil, os responsáveis da Igreja chilena desvalorizaram as denúncias e não abriram inquéritos.
O padre em questão chama-se Fernando Karadima. Em 2011, o Vaticano identificou os abusos cometidos nos anos 80 e 90. A sanção foi condená-lo a uma espécie de "pena perpétua de orações e penitência". Há 158 processos idênticos em curso no Chile.