O Conselho da Europa apresentou um relatório sobre a corrupção em Malta, depois de uma jornalista que investigava o governo ter sido assassinada.
Em outubro de 2017, Caruana Galizia era assassinada em Malta, ao seguir num carro que explodiu. Mais de um ano e meio depois, as autoridades ainda não identificaram os autores morais do crime.
A morte da jornalista, que na altura investigava casos de corrupção no governo maltês, veio expor o lado negro deste membro da União Europeia, que é também um paraíso para apostas online e finanças offshore.
"O Primeiro-Ministro é todo-poderoso, ele nomeia juízes, magistrados, quase todos os órgãos de supervisão. O Parlamento é muito fraco porque todos os deputados do partido do governo ... recebem salários bastante baixos. Ou são ministros ou têm grandes contratos do governo. Portanto, não há um sistema equilibrado. E cabe a Malta consertar isso ", defendeu o relator do Conselho da Europa, Pieter Omtzigt.
O relatório elaborado pelo Conselho da Europa identifica ainda o risco de lavagem de dinheiro e venda de passaportes proveniente do gabinete do primeiro-ministro Joseph Muscat.
Para o advogado da família de Caruana Galizia, Jason Azzopard, a mensagem que querem deixar ao governo é clara: "não deixaremos que as pessoas que ordenaram o assassinato fujam. E não permitiremos que os que estão no poder usem o dinheiro, dinheiro corrupto, para violar ou derrubar os nossos direitos democráticos. E iremos triunfar".
Três pessoas foram detidas por envolvimento no assassinato de Caruana Galizia, mas até ao momento nenhum suspeito foi a julgamento. A prisão preventiva termina em dois meses. Dois dos três detidos alegam que o Conselho da Europa ignorou a presunção de inocência.
O caso está longe de ter terminado. Corinne Vella, irmã da jornalista, continua a exigir justiça. "Quero justiça para a minha irmã, quero justiça para as investigações que fez e quero que nenhum outro jornalista volte a ser assassinado por revelar corrupção no governo. E isso só será alcançado se Malta aprender com as falhas", afirma.
O Conselho da Europa quer que Malta implemente todas as recomendações do relatório. O passo seguinte é a votação na sessão plenária, em Estrasburgo, no final de Junho.