Método simples capacita mulheres no Níger a lutar contra desnutrição

Em parceria com The European Commission
Método simples capacita mulheres no Níger a lutar contra desnutrição
De  Monica Pinnaeuronews
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A filosofia do projeto é capacitar as mulheres para serem elementos ativos na resposta humanitária

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Um dispositivo simples permite que as mulheres no Níger realizem um diagnóstico precoce do estado de subnutrição dos filhos.

A euronews esteve em Chiya Habou, a região do Níger com maior taxa de subnutrição aguda. Em Chiya Habou, mais de 19% das crianças com idades entre os seis meses e os 5 anos sofrem de desnutrição aguda grave ou moderada. Face à gravidade da situação, as mulheres estão a ser treinadas para realizarem o diagnóstico precoce de subnutrição dos filhos, graças a um dispositivo chamado MUAC (sigla inglesa para Middle Under Arm Circumference).

O projeto foi lançado há seis anos pela ONG ALIMA. Em vez de tratar a subnutrição segundo uma abordagem estritamente hospitalar, a organização humanitária quis implementar um método descentralizado com base na capacitação das mulheres. "No Níger, treinámos cerca de um milhão e 650 mil mães. 540 mil estão no distrito de Mirriah. A principal vantagem é o facto de termos um diagnóstico precoce, o que evita hospitalizações", explicou Ahmad Mohamed, médico da ONG Alima.

"Temos terra mas não temos comida suficiente"

A euronews falou com Rouma Hakilou, uma das mães que usa o MUAC há vários anos. A filha Sharifa, de um ano, sofre de desnutrição aguda moderada. Rouma mede frequentemente o braço da filha para evitar uma situação de desnutrição aguda grave. "Temos uma terra, mas a colheita não é suficiente para as nossas necessidades alimentares, por isso temos que comprar comida, mas o dinheiro também não é suficiente. Dos meus oito filhos, três sofrem de subnutrição", explicou Rouma Hakilou. De duas em duas semanas, Rouma Hakilou percorre doze quilómetros para ir até ao centro de saúde de Gafati.

A estrutura acompanha as crianças subnutridas e dá-lhes suplementos alimentares específicos. O facto de as mulheres poderem realizar o diagnóstico dos filhos em casa, levou ao aumento do número de casos de desnutrição moderada mas o número de casos graves diminuiu. "O número de casos graves de desnutrição aguda nos primeiros seis meses do ano diminuiu 13% em relação ao mesmo período de 2018", acrescentou o médico da ONG Alima.

O empoderamento das mulheres

Nos últimos anos, a União Europeia financiou mais de 50% dos tratamentos médicos destinados às crianças subnutridas do Sahel, uma região onde a fome leva a morte de quase 500 mil crianças por ano. No Níger, a Europa apoia a formação das mulheres no domínio da prevenção da subnutrição.

A filosofia do projeto é capacitar as mulheres para serem elementos ativos na resposta humanitária. "É um exemplo perfeito de uma situação em que as necessidades e capacidades das mulheres são levadas em consideração. O facto de lhes fornecermos informações que elas não possuíam anteriormente, dá-lhes a capacidade de cuidar melhor da saúde dos filhos. Mesmo que haja apenas um trabalhador da área da saúde em cada vila, há sempre uma mãe em casa", explicou Isabel Coello, responsável da Ajuda Humanitária da UE.

A insegurança alimentar no Níger

No Niger, a insegurança alimentar afecta quase um milhão e duzentas mil pessoas. Estima-se que mais de 380 mil crianças sofram de subnutrição severa. Todos os anos, morrem 38 mil crianças de menos de cinco anos devido à subnutrição. Apesar dos bons resultados regionais, o auto-diagnóstico não ajudou a reduzir o número de casos de subnutrição a nível nacional. "Todos os anos, temos entre oito mil e nove mil casos de crianças gravemente subnutridas. A situação é pior no mês de setembro, onde há cerca de 1.200 casos", afirmou Hawaou, enfermeira do hospital de Zinder.

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