Poder central belga vive em suspenso, desde o fim da coligação no governo, a 18 de dezembro de 2018.
365 dias sem governo federal. É assim a realidade da Bélgica, que vive há um ano gerida por um executivo administrativo, desde que a 18 de dezembro de 2018, a coligação no poder central se desfez.
A união terminou pouco depois da saída do partido nacionalista flamengo, quando era Charles Michel, agora à frente do Conselho Europeu, o primeiro-ministro.
O dia-a-dia do país é gerido atualmente por um executivo de centro-direita. Na liderança, apesar de interina, tem pela primeira vez uma mulher. Sophie Wilmes está à frente de uma Bélgica que se mantém em funcionamento, mas graças aos governos regionais com poder financeiro limitado.
Entre os eleitores reina um misto de indiferença e desilusão em relação aos políticos.
"Tenho a impressão de que a política belga não serve para nada, que é apenas uma fachada. Porque quando não temos governo, tudo funciona bem", afirma Adrien, estudante de 23 anos.
Já Lionel Guyaux, habitante de Bruxelas, considera que "anda tudo à volta dos flamengos e dos dialetos neerlandeses, mas não tem nada a ver com isso. É uma questão política, enquanto fizermos estas divisões, não estaremos unidos".
Para o professor de Ciência Política da Universidade Livre de Bruxelas, Dave Sinardet, "a classe política claramente não conseguiu formar um governo, [o que] dá a sensação de que todos os partidos políticos estão empenhados acima de tudo em lógicas estratégicas e partidárias, em vez de pensarem no bem comum e formarem um governo".
Com o governo em suspenso, a Bélgica vive politicamente dividida. Mas para alguns eleitores esta é a oportunidade de pensar a longo prazo numa dissolução da linha que divide flamengos e francófonos no país.