Plano de vigilância climática apresentado pela Total, como obriga à lei, é "insuficiente" à luz do Acordo de Paris, denuncia o coletivo de queixosos, que inclui 14 autarquias
Um coletivo de queixosos, incluindo municípios de França e várias ONG, decidiu avançar para tribunal com uma queixa contra a passividade ambiental apontada à petrolífera francesa Total, uma das vinte empresas mais poluentes do mundo.
Os queixosos reclamam do plano de vigilância proposto no ano passado pela Total, que consideram "muito insuficiente", como explicou à Euronews o jurista porta-voz da ONG "Notre Affaire à Tous".
"Confiamos no plano de vigilância. É a mais forte base legal de que dispomos para enfrentar uma multinacional como a Total. Contamos com as provas científicas do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) e isso a Total não pode contestar. O grupo deve aplicar a lei e deve seguir as recomendações científicas. É por isso que penso termos boas hipóteses de ganhar", afirmou à Euronews Paul Mougeolle.
A queixa foi apresentada num tribunal cível de Nanterre, na região do Alto Sena, em França, a noroeste de Paris.
Tem por base a lei de fevereiro de 2017 que obriga as empresas francesas com mais de cinco mil empregados a publicar um plano de prevenção de riscos ambientais.
Em março do ano passado, a Total publicou o respetivo plano de vigilância, mas o coletivo de queixosos, onde se incluem 14 municípios (Arcueil, Baiona, Bègles, Bize-Minervois, Champneuville, Centre Val de Loire, Correns, Est-Ensemble Grand Paris, Grenoble, La Possession, Mouans-Sartoux, Nanterre, Sevran e Vitry-le-François) e cinco associações ambientais (Notre Affaire à Tous, Sherpa, ZEA, les Eco Maires e FNE), entendeu que as medidas propostas pela petrolífera eram claramente insuficientes.
O coletivo suporta-se nos objetivos propostos pelo Acordo de Paris, celebrado no final de 2015, onde ficou ratificado o compromisso de limitar o aquecimento global do planeta 1,5°C em relação à era pré-industrial.
O coletivo de queixosos espera que a justiça francesa tenha em conta os compromissos climáticos do Acordo de Paris neste julgamento inédito de uma empresa como a Total.