O líder executivo da Sanofi, Paul Hudson, disse que os EUA têm prioridade numa vacina da farmacêutica francesa porque investiram forte e com risco. França e Bruxelas reagiram. O presidente da Sanofi, Olivier Bogillot, convida a UE a investir mais para agilizar processos.
Prioridade para quem investiu forte e com risco numa vacina contra a covid-19: os Estados Unidos. O argumento do líder executivo da farmacêutica francesa Sanofi, Paul Hudson, numa entrevista à Bloomberg, desencadeou uma controvérsia em França e a também em Bruxelas.
O presidente da Sanofi apelou à União Europeia a mobilizar-se, também, para poder acelerar o programa.
"Não se trata de dar prioridade a uma vacina mas é verdade que os Estados Unidos mobilizaram-se fortemente nas últimas semanas nos processos regulatórios de forma a acelerar os investimentos em nós para terem capacidades de produção. E mais uma vez, apelamos à Europa para fazer o mesmo para que poderem acelerar o registo ao nível Europeu e ter uma vacina ao mesmo tempo", explicou Olivier Bogillot, presidente da Sanofi França.
O governo francês não deixou de reagir. O primeiro-ministro Edouard Philippe disse que o acesso à vacina não era negociável. O ministro da Saúde, Oliver Veran, foi mais brando.
"A questão hoje não é quem vai beneficiar da vacina, a questão é saber quem vai encontrar a vacina em primeiro lugar e eu garanto que assim que tivermos uma vacina vamos fazer tudo o que for preciso para que os franceses sejam beneficiados, que os Europeus sejam beneficiados e claro, em solidariedade, que todo o planeta possa ser beneficiado com ela", referiu Olivier Veran.
Apesar dos apelos da Sanofi para que a União Europeia, aumente o investimento no seu projeto de vacina, o porta-voz da comissão Europeia diz que o acesso deve ser igual e universal.
"Solidariedade e coordenação é a resposta mais efetiva e segura à Covid-19. A vacina contra o novo coronavírus deve ser um bem público e o acesso deve ser equitativo e universal", declarou Stefan de Keersmaecker.
Num outro desenvolvimento menos controverso, o Reino Unido aprovou o teste rápido de anticorpos da suíça Roche, quase duas semanas depois da união Europeia o ter feito. Países da União Europeia já estão a receber os testes. A farmacêutica diz ter capacidade para produzir centenas de milhares por semana para os britânicos.