Seis meses após a denúncia da patinadora Sarah Abitbol, uma investigação aponta o dedo a 20 treinadores, suspeitos de violência sexual, física e verbal
Seis meses depois da denúncia da patinadora Sarah Abitbol, no livro "Um tão longo silêncio", a França conheceu o resultado do inquérito da Inspeção Geral da Educação, Desporto e Investigação.
Sarah Abitbol acusou o seu treinador, Gilles Bayer, de violação; no relatório agora divulgado há 20 treinadores sob suspeita: 12 de abusos sexuais e sete de violência física ou verbal.
De acordo com o texto do relatório, "o volume de casos identificados indica práticas e comportamentos que foram repetidos ao longo de gerações de treinadores (...) um caso sem paralelo a nível internacional"
O investigador da Universidade Lyon I e membro do Laboratório de Vulnerabilidades e Inovação no Desporto, Philippe Liotard, diz que "a inspeção mostrou que há uma característica própria à patinagem com crianças pequenas - fala-se mesmo de desporto de maturidade precoce - com relações entre os treinadores e os patinadores marcadas por uma forma de autoridade muito forte, que torna muito difícil às crianças libertarem-se dessa autoridade".
O investigador preconiza algumas medidas para evitar este tipo de comportamentos: "Por em funcionamento sistema de escuta e acompanhamento de vítimas;
"Punir, sancionar se necessário, em casos comprovados;
Trabalhar na formação e sensibilização sobre as questões da violência de forma a construir o que chamaria uma vigilância coletiva".
Vigilância e uma nova estrutura diretiva. A inspeção concluiu que a Federação Francesa de Patinagem funcionava com uma forte concentração de poderes, envolvendo um número reduzido de técnicos, que encorajava uma certa forma de Omerta - lei do silêncio.
A patinadora reagiu assim à publicação do relatório