Analista político entrevistado pela Euronews estima que não haverá mudança de paradigma nestas eleições presidenciais, apesar da oposição estar mais forte.
Os bielorrussos votam antecipadamente desde terça-feira para as eleições presidenciais de domingo, mas será que a voz do povo se fará ouvir? Com a limitação dos observadores a acompanhar o escrutínio, muitos analistas políticos duvidam.
"O sistema não está concebido para permitir a vitória da oposição, independentemente do número de votos obtidos. Nunca se saberá", lamenta Artyom Shraibman, analista político na Sense Analytics.
Shraibman justifica a sua posição com a forma de organização da contagem dos votos: "As comissões eleitorais que é suposto contarem os votos são compostas maioritariamente por elementos leais ao regime. Elementos do Estado, da polícia, professores, diretores escolares, representantes de autoridades locais, etc."
O escrutínio ocorre num contexto político altamente tenso. A economia bielorrussa está dividida entre um setor estatal fortemente protegido e um setor privado relativamente independente que se sente castigado por um clima de negócios não competitivo.
"Os fardos de suportar o setor público estão a ser distribuídos pelo setor privado, com impostos, com custos de água, eletricidade e gás mais baixos para o Estado e mais elevados para os privados. Tudo isto cria um ambiente tóxico em que o nível de crescimento da economia está bastante limitado", sublinha o analista político,
Shraibman não esconde o ceticismo em relação às reais possibilidades do movimento da oposição conseguir uma mudança de paradigma nas urnas. Acredita que pode ainda não ser suficiente para triunfar de outras formas: "A oposição tem algumas oportunidades nos protestos de rua. Este é provavelmente o único espaço onde o futuro se decidirá, o futuro do sistema. Neste momento, não parece que a oposição e o movimento de protesto estejam dotados do potencial e recursos suficientes."
Os acontecimentos dos próximos dias e semanas serão críticos para o futuro do país.