UE está refém dos interesses económicos na Turquia?

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De  Isabel Marques da SilvaEfi Koutsokosta
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Um debate sobre sanções contra a Turquia tinha sido agendado para a cimeira da União Europeia em dezembro, mas os recentes acontecimentos poderão exigir que se faça mais cedo.

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A União Europeia não tem conseguido travar a agressividade crescente da Turquia, que parece não temer ameaças de eventuais sanções económicas.

A mais recente crise diplomática com a Franca junta-se ao diferendo com outros dois Estados-membros - Grécia e Chipre -, por causa da exploração de recursos naturais no mar Mediterrâneo.

A explicação pode estar nos laços económicos importantes, já que a Turquia é o quinto maior parceiro comercial da União Europeia e destino de importantes investimentos.

Os Estados-membros mais expostos nas exportações anuais são:

  • Alemanha - 21 mil milhões de euros

  • Itália - 8 mil milhões de euros 

  • Países Baixos - 6 mil milhões

Manfred Weber, eurodeputado alemão que lidera a maior bancada do Parlamento Europeu, o centro-direita, admite que a União Europeia tem de ser mais solidária internamente e falar a uma só voz para manter a sua credibilidade.

"Não se trata de uma questão grega, cipriota ou francesa, é uma questão europeia que está sobre a mesa, pelo que temos de responder em conjunto a estes ataques contra a União Europeia", disse em entrevista à euronews.

"Deixe-me ser muito claro: se o presidente Erdogan quer agora travar a exportação de produtos franceses para a Turquia, deveria recordar-se que o seu país faz parte da união aduaneira, um acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre o livre acesso dos produtos europeus ao mercado turco. Ele não pode pôr de lado produtos de um certo país, porque isso é um grande ataque ao princípio da união aduaneira. Na próxima reunião, o Conselho Europeu deveria analisar a eventual reorganização da união aduaneira que está, atualmente, em vigor, explicou Weber".

Venda de armas multi-milionária

Esse consenso é difícil porque vários Estados-membros querem proteger os seus interesses económicos, que vão desde o comércio de produtos, aos investimentos, passando por dívida bancária  e venda de armas.

A Grécia pediu à Alemanha, Espanha, França e Itália que suspendessem a venda de armas à Turquia, mas tal não foi aceite porque representa 1500 milhões de euros. Armas que a Turquia usou, por exemplo, na Síria, algo muito criticado pela União Europeia.

A União está, de certa forma, também refém do acordo com a Turquia para ajudar a travar os fluxos de pessoas vindas do Médio Oriente, entre refugiados emigrantes económicos, como reconhece Manfred Weber.

"É óbvio que o presidente Erdogan esta a fazer um jogo connosco e é por isso que se exige ação. Para manter a nossa credibilidade, temos que agir agora, as palavras já não são suficientes e devemos usar o nosso poder económico. A União Europeia é muito mais importante para a Turquia do que a Turquia é para a Uniao", afirmou o eurodeputado.

Um debate sobre sanções contra a Turquia tinha sido agendado para a cimeira da União Europeia em dezembro, mas os recentes acontecimentos poderão exigir que se faça mais cedo.

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