Um debate sobre sanções contra a Turquia tinha sido agendado para a cimeira da União Europeia em dezembro, mas os recentes acontecimentos poderão exigir que se faça mais cedo.
A União Europeia não tem conseguido travar a agressividade crescente da Turquia, que parece não temer ameaças de eventuais sanções económicas.
A mais recente crise diplomática com a Franca junta-se ao diferendo com outros dois Estados-membros - Grécia e Chipre -, por causa da exploração de recursos naturais no mar Mediterrâneo.
A explicação pode estar nos laços económicos importantes, já que a Turquia é o quinto maior parceiro comercial da União Europeia e destino de importantes investimentos.
Os Estados-membros mais expostos nas exportações anuais são:
Alemanha - 21 mil milhões de euros
Itália - 8 mil milhões de euros
Países Baixos - 6 mil milhões
Manfred Weber, eurodeputado alemão que lidera a maior bancada do Parlamento Europeu, o centro-direita, admite que a União Europeia tem de ser mais solidária internamente e falar a uma só voz para manter a sua credibilidade.
"Não se trata de uma questão grega, cipriota ou francesa, é uma questão europeia que está sobre a mesa, pelo que temos de responder em conjunto a estes ataques contra a União Europeia", disse em entrevista à euronews.
"Deixe-me ser muito claro: se o presidente Erdogan quer agora travar a exportação de produtos franceses para a Turquia, deveria recordar-se que o seu país faz parte da união aduaneira, um acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre o livre acesso dos produtos europeus ao mercado turco. Ele não pode pôr de lado produtos de um certo país, porque isso é um grande ataque ao princípio da união aduaneira. Na próxima reunião, o Conselho Europeu deveria analisar a eventual reorganização da união aduaneira que está, atualmente, em vigor, explicou Weber".
Venda de armas multi-milionária
Esse consenso é difícil porque vários Estados-membros querem proteger os seus interesses económicos, que vão desde o comércio de produtos, aos investimentos, passando por dívida bancária e venda de armas.
A Grécia pediu à Alemanha, Espanha, França e Itália que suspendessem a venda de armas à Turquia, mas tal não foi aceite porque representa 1500 milhões de euros. Armas que a Turquia usou, por exemplo, na Síria, algo muito criticado pela União Europeia.
A União está, de certa forma, também refém do acordo com a Turquia para ajudar a travar os fluxos de pessoas vindas do Médio Oriente, entre refugiados emigrantes económicos, como reconhece Manfred Weber.
"É óbvio que o presidente Erdogan esta a fazer um jogo connosco e é por isso que se exige ação. Para manter a nossa credibilidade, temos que agir agora, as palavras já não são suficientes e devemos usar o nosso poder económico. A União Europeia é muito mais importante para a Turquia do que a Turquia é para a Uniao", afirmou o eurodeputado.
Um debate sobre sanções contra a Turquia tinha sido agendado para a cimeira da União Europeia em dezembro, mas os recentes acontecimentos poderão exigir que se faça mais cedo.