Opositor do Presidente da Rússia foi condenado por violar uma suposta liberdade condicional e agora enfrenta uma acusação por difamação de um veterano de guerra
Alexey Navalny voltou esta sexta-feira a sentar-se dentro da gaiola de vidro para os réus no tribunal distrital de Babushkinsky, em Moscovo.
O influente opositor de Vladimr Putin é acusado de ter difamado um veterano russo da Segunda Guerra Mundial.
A acusação terá partido de Igor Koleshnikov, neto do militar visado Ignat Artyomenko, e tem por base um vídeo publicado nas redes sociais em junho do ano passado, onde Navalny carateriza como vendidos" e "traidores" os protagonistas de uma gravação onde foram defendidas as emendas constitucionais que permitem a Putin manter-se na liderança da Rússia para lá de 2024, se quiser.
Depois de na última sessão do julgamento, o neto se ter queixado ao tribunal de estar a receber ameaças de morte por parte de apoiantes de Navalny, esta nova sessão abriu com o pedido indireto do próprio Ignat Artyomenko, hoje com 95 anos, de não se apresentar no tribunal por motivos de saúde, por também estar a receber ameaças e confiar no procurador de justiça.
Um envenenamento geopolítico
Alexey Navalni está na base de um atrito político entre a Rússia e a União Europeia depois de se ter deslocado à Alemanha, em agosto, para recuperar de uma suposta tentativa de envenenamento na Sibéria, em que as suspeitas recaem sobre o Kremlin, e por ter sido detido quando regressou a Moscovo em meados de janeiro.
O opositor do Presidente da Rússia foi logo condenado a três anos de prisão por ter alegadamente desrespeitado a liberdade condicional de uma controversa sentença de 2014.
A condenação provocou diversos protestos na Rússia, com milhares de apoiantes de Navalny detidos por alegadamente participarem em manifestações ilegais contrárias às medidas de contenção da covid-19.
Para este domingo, 14 de fevereiro, os apoiantes de Navalny apelaram a um novo protesto simbólico, marcado para as 20 horas, com recurso à lanterna dos telemóveis, que devem ser acendidas durante 15 minutos e depois as imagens do protesto partilhadas nas redes sociais.
O regulador russo dos meios de comunicação terá entretanto intimado os diversos órgãos a não difundirem quaisquer notícias sobre o protesto das lanternas a favor de Navalny.
A própria equipa de apoio do opositor de Putin, na cidade de Tomsk, na Sibéria, referiu ter sido avisada pela procuradoria local a proibir o protesto de domingo.