"Primeiro vieram pelo Navalny. A seguir, somos nós"

"Primeiro vieram pelo Navalny. A seguir, somos nós"
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De  Francisco Marques com France Press e EFE
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Diversas manifestações por toda a Rússia acabam com mais de 1.700 detidos, incluindo a assessora de imprensa do líder da oposição a Vladimir Putin

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A polícia russa deteve esta quarta-feira mais de 1.780 pessoas que participaram em marchas de protesto pela libertação do líder da oposição Alexey Navalny, detido desde meados de janeiro e em greve de fome já há várias semanas.

Muitos dos manifestantes temem a repressão política das autoridades e insurgem-se também contra essa suposta ameaça.

O balanço das detenções surge no portal OVD-info, um proclamado projeto independente de direitos humanos que monitoriza a perseguição política na Rússia e que é citado pelas agências EFE e France Press. A mesma fonte admite que poderão ter sido mais os detidos.

O maior número de detenções (805) terá ocorrido em São Persburgo, sendo que os protestos terão decorrido em cidades de toda a Rússia, desde Vladivostock, no leste do país, até municípios junto do mar Báltico, no ocidente.

Em Moscovo, onde se presume ter acontecido a maior manifestação, com mais de seis mil pessoas, foi detida Kyra Yarmish, a assessora de imprensa de Navalny, entretanto condenada a 10 dias de prisão por alegadamente ter organizado um comício ilegal; e também Alexander Shepelev, outro suposto membro da apelidada "equipa Navalny"

A assessora e o colaborador do líder da oposição serão duas das 30 pessoas alegadamente detidas na capital russa, sendo que um responsável da polícia moscovita garantiu à agência Ria-Novosti que a maioria dos detidos foi libertada quase de imediato.

A situação de Navalny é mote dos protestos, mas há mais em causa.

Valeria Rokhmistrova, uma especialista em informática, de 21 anos, contou que "a principal exigência do protesto era que fosse permitida assistência médica a Navalny, mas isso foi apenas o início". "Eu, pessoalmente, vim protestar porque não quero viver na Rússia nas atuais condições. Não quero viver num país onde tenho medo da guerra e neste momento tenho mesmo medo disso", afirmou a manifestante.

Dmitry, um matemático, de 24 anos, deixa outro aviso: "Eles vieram primeiro pelo Navalny. A seguir, somos nós. É muito preocupante o que está a acontecer a Navalny. Pode acontecer a qualquer um."

Alexey Navalny foi detido a 17 de janeiro, no regresso a Moscovo após ter recuperado na Alemanha de uma alegada tentativa de envenenamento, com suspeitas de envolvimento dos serviços secretos do Kremlin.

O líder da oposição a Vladimir Putin foi entretanto condenado a dois anos e meio de prisão e já há várias semanas está em greve de fome, com o médico pessoal a admitir haver já perigo de morte.

A situação de Navalny tem vindo a provocar um conflito diplomático entre a Rússia e a União Europeia, com os Estados Unidos também a apelarem a Moscovo para a libertação do político, impedido pela atual situação de participar nas eleições legislativas russas marcadas para 19 de setembro.

Outras fontes • Tass, Ria-Novosti

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