Estações de esqui francesas adaptam-se às alterações climáticas

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De  Jeremy Wilks
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Com base em dados científicos, as estações de esqui francesas estão a tentar adaptar-se às alterações climáticas.

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Uma aplicação chamada Climsnow fornece dados científicos aos gestores das estações de esqui para ajudá-los a planear os investimentos futuros num contexto de aquecimento global.

"A neve é um extra. As estações de esqui têm de funcionar mesmo quando não há neve. É essa a ideia”, disse à euronews Cédric Fermond, diretor das estações de esqui da Drôme, nos Alpes franceses.

Este ano, houve mais neve do que a média. Ao mesmo tempo houve poucos turistas, devido às restrições de circulação impostas no âmbito da gestão da epidemia do novo coronavírus.

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Carlo Carmagnola, Instituto de Meteorologia de Françaeuronews

Decisões estratégicas face ao aquecimento global

No longo prazo, a maior preocupação para o turismo da neve diz respeito às alterações climáticas. As estações de esqui estão a trabalhar com cientistas para tomar decisões de forma inteligente.

"Estamos a falar das alterações climáticas e da falta de neve e no entanto vemos que há muita neve aqui. Mas não devemos confundir tendências com variabilidade. Podemos ter uma tendência de aumento das temperaturas e, ao mesmo tempo, uma variação numa determinada estação, e sobretudo, entre as estações, com altos e baixos. ", explicou Carlo Carmagnola, do Instituto de Meteorologia de França.

As estações de esqui têm vindo a diversificar as atividades, sobretudo em estações de menor altitude, onde, no ano passado, houve poucos dias de neve.

"Para os setores a 1000 metros de altitude, acabou. É um facto. Não podemos lutar em todas as frentes. Trazer a neve para esses sectores está fora de questão. Mas são também sítios para atividades no verão. Há estradas alcatroadas. Podemos patinar por exemplo. É um sítio muito popular no verão", contou Marc Oboussier, gestor operacional das estações de esqui da Drôme.

O impacto do aquecimento ao nível de cada cordilheira

O mais complicado é tomar as decisões certas em termos de investimento. A aplicação ClimSnow oferece uma perspectiva científica aos gestores das estações de esqui, para ajudá-los a tomar a melhor decisão em função da evolução do clima. 

A aplicação fornece projeções climáticas detalhadas para os próximos 30 anos e está a ser usada em mais de 70 estações de esqui, em França.

“Cada cordilheira dos Pirenéus e dos Alpes é tratada individualmente. Para cada uma delas, consideramos a orientação da inclinação e a altitude: oito orientações diferentes, vários declives diferentes e as altitudes por cada faixa de 300 metros”, disse Carlo Carmagnola.

A aplicação permite criar modelos em função de diferentes cenários climáticos com e sem neve artificial. Uma informação vital para tomar decisões sobre investimentos estratégicos que levam décadas a pagar.

“Será que vamos poder consolidar as nossas atividades e chegar a uma situação estável e proteger a neve acumulada? Ou será que devemos desistir da neve e optar por atividades completamente diferentes? É essa a questão. São os cientistas do clima que deverão responder a essa pergunta”, sublinhou Cédric Fermond.

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Estações de esqui apostam noutras atividades para fazer face à falta de neveeuronews

Estações adaptam-se à falta de neve

Algumas atividades, na montanha, parecem resistir aos efeitos das alterações climáticas. É o caso dos trenós puxados por cães. Quando não há neve, os trenós são equipados com rodas, e os cães adaptam-se.

“Podemos adaptar todas as nossas atividades, do principiante ao iniciado. Podemos oferecer atividades ao longo de todo o ano, com rodas, patins ou esquis ou a pé”, afirmou Maxime Allard da empresa Max'cimes.

Os últimos dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus

Este ano, o mês de janeiro foi o sexto mais quente desde que há registo, com temperaturas de mais de 0,2 graus acima da nova média de 1991-2020.

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Dados do Serviço de Alterações Climáticas CopernicusEuronews

No mapa das anomalias de temperatura, vemos que esteve muito mais frio nalguns lugares e mais quente noutros. A Noruega, a Suécia e a Rússia tiveram o mês de janeiro mais frio desde 2010. Em Leirflaten, na Noruega, a temperatura situou-se 10 graus abaixo da média, no mês passado. Em Atenas, os primeiros dez dias do ano foram os mais quentes de que há registo, em relação ao recorde de temperatura de há 160 anos.

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Dados do Serviço de Alterações Climáticas CopernicusEuronews

Passemos para as anomalias de precipitação. Em Itália, o tempo esteve mais húmido do que a média, na costa Adriática. Em Espanha houve muito mais neve e chuva do que a média no centro e no leste do país.

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O novo período de referência para os dados climáticos

O período de referência para os dados climáticos do Copernicus acaba de ser alterado de 1981-2010 para 1991-2020, no seguimento das recomendações da Organização Meteorológica Mundial. O objetivo da mudança é garantir que o período de referência possa refletir o melhor possível o clima atual.

Editor de vídeo • Jean-Christophe Marcaud

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