Falta de casas marca eleições nos Países Baixos

As gruas modificaram o horizonte na maior parte das cidades neerlandesas
As gruas modificaram o horizonte na maior parte das cidades neerlandesas Direitos de autor Euronews
De  Stefan de Vries
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Partidos prometem construir 100 mil casas por ano. Especialistas dizem que não chega para fazer baixar o preço dos imóveis

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A habitação é o calcanhar de aquiles dos Países Baixos. É o Estado mais povoado da Europa e, a par da pandemia, o tema tornou-se central na campanha para as eleições legislativas que arrancam esta segunda-feira. Encontrar um lugar para viver é cada vez mais difícil e mais caro.

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AmesterdãoEuronews

"Correu mal durante a crise financeira geral. Tornou-se mais difícil comprar e construir e a quantidade de novas habitações caiu quase metade. Por outro lado, nos últimos cinco anos - e não foi política, aconteceu -, a migração subiu, especialmente migração laboral," diz Peter Boelhouwer, Presidente da Rede Europeia de Habitação.

Quase todos os partidos políticos se comprometem em construir pelo menos um milhão de casas nos próximos dez anos. Mas os especialistas avisam que não chega, especialmente em Amesterdão, onde os preços estão a subir em flecha.

A Woon é uma organização não governamental que todos os anos ajuda 10 mil pessoas a encontrar alojamento acessível em Amesterdão. Gert Jan Bakker, consultor da organização lembra que "o anterior governo de Mark Rutte liberalizou o mercado de arrendamento" e que o impacto foi imediato. "Um apartamento que tinha uma renda de 600 euros há dez anos, está agora a 1600-1800 euros. Mesmo as habitações mais pequenas estão a ser arrendadas por preços exorbitantes," afirma.

Sem muito espaço para crescer, a solução parece ser construir em altura. Em cidades como Roterdão e Haia, estão a nascer vários arranha-céus para abrigar centenas de milhares de pessoas.

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Alodia esperou mais de dois anos por este apartamentoEuronews

Alodia e a família mudaram-se há já alguns meses, para um edifício que ainda está em construção. Conta-nos que embora a família tenha dois rendimentos, não foi fácil encontrar um apartamento. O processo todo durou mais de dois anos. Alodia não esconde que foi duro e sabe que não é exceção. Diz que comprou o apartamento ainda em projeto. Esteve "na lista de espera com 800 pessoas para 100 apartamentos". Um momento de "pressão" - explica - que pôs as pessoas "a licitar 20, 30, 50 mil euros acima do preço pedido".

As gruas recortam o horizonte nas maiores cidades neerlandesas, mas os peritos questionam a capacidade de construir mais de 100.000 apartamentos por ano.

"Da esquerda para a direita dizem, temos de regular mais, e não deixá-lo ao critério dos mercados. Sou saudavelmente cínico", diz Gert Jan Bakker.

Peter Boelhouwer acredita que "haverá definitivamente mais investimento governamental", nas reconhece que ultrapassar esta crise dna habitação "leva tempo".

O alojamento acessível é tema central das eleições. A confirmarem-se as sondagens, os Países Baixos preparam-se para entregar a resolução, de novo, ao conservador Mark Rutte.

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