A última viagem de Bertrand Tavernier

Morreu o cineasta francês Bertrand Tavernier. O realizador do documentário "Voyage à travers le cinéma français" - considerado por muitos cinéfilos como a Bíblia do cinema francês, a sua última viagem cinematográfica, de 2016 - tinha 79 anos.
Tavernier Começou por ser crítico de cinema, escreveu nos Les Cahiers du cinéma, por exemplo, até passar para o outro lado deste paradigma. Já da lado de cá da objetiva o seu olhar captou divas do cinema gaulês como Isabelle Huppert ou Sophie Marceau.
Nos seus filmes retratou, na maioria das vezes, cenas da vida real. Trouxe para o grande ecrã a sua luta contra a guerra, o racismo ou as feridas deixadas pelo colonialismo, de um ponto de vista humanista.
As distinções pelo seu trabalho
No Festival de Cannes apresentou 9 dos 40 filmes que fez ao longo da sua longa carreira. Com L'Horloger de Saint-Paul homenageou a sua cidade natal. Com "Un dimanche à la campagne" ganhou o prémio de melhor realização em Cannes. À grande festa do cinema francês apresentou nove das suas quarenta obras.
Películas que lhe valeram prémios como um BAFTA, 1990, para melhor filme estrangeiro com "La vie et nothing else", o urso de ouro do festival de cinema de Berlim, cinco anos depois com "The Bait".
Veneza brindou-o, em 2015, com o prémio de carreira. Um Leão de Ouro que recebeu _"_extremamente emocionado" por vir de "um país que é o de Roberto Rossellini, Fellini... pessoas que conheci e amei muito", desabafava na altura.
Bertrand Tavernier era presidente do Instituto Lumière, em Lyon, a casa do cinema na cidade que o viu nascer e onde nasceram também os irmãos pioneiros da Sétima Arte que dão nome à instituição que dirigia. Casa que criou no início dos anos 1980 para salvar o seu legado.
O cineasta seguiu também as pisadas do pai, escritor e resistente René Tavernier, e escreveu vários livros de referência sobre o cinema.