"Pode-se receber outros prémios duas vezes, mas não um Prémio Lumière""

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De  Frédéric PonsardEuronews
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A dupla de realizadores e irmãos Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne recebeu o Prémio Lumière 2020, atríbuido pelo festival de cinema realizado em Lyon, França.

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Jean-Pierre e Luc Dardenne foram os vencedores do Prémio Lumière. Um ano depois de Francis Ford Coppola, o festival francês de cinema disitnguiu os irmãos pelo contributo para a sétima arte.

Um percurso também testemunhado por Emilie Dequenne, a atriz descoberta pela dupla de realizadores há mais de 20 anos em "Rosetta", uma longa-metragem de 1999 premiada com Palma de Ouro em Cannes.

"É evidente, os Irmãos têm uma identidade específica, eles têm um cinema que é único no seu género. Que a luz esteja com os Irmãos!", exclama a atriz, quando interpelada pela Euronews.

Os irmãos, de origem belga, já galardoados com dupla Palma de Ouro em Cannes, foram saudados em Lyon com uma canção do compatriota Jacques Brel.

O que é ótimo neste prémio é que ele é único
Luc Dardenne
Realizador

À semelhança do Nobel na literatura, o Prémio Lumière distingue todos os anos figuras proeminentes da sétima arte.

Na cidade onde, no século XIX, os irmãos Lumière inventaram o cinematógrafo, os irmãos Dardenne falaram com a Euronews sobre a importânica do prémio recebido.

"Este Prémio é-nos atribuído na cidade de Lyon, onde o cinema foi inventado, é atribuído pelo Instituto Lumière e, tal como os Lumière eram dois irmãos, também nós somos dois irmãos¨! Portanto, não podemos ignorar que existe uma espécie de pequena ligação entre os irmãos Lumière e nós!", brinca Jean-Pierre Dardenne.

Luc Dardenne sublinha que se tratou de um momento único na carreira. "O que é ótimo neste prémio é que ele é único. Não se pode recebê-lo duas vezes. Pode-se receber outros prémios duas vezes, mas não um Prémio Lumière", afirma.

No trabalho dos realizadores destaca-se o acompanhamento muito próximo da realidade e das personagens à margem da sociedade.

"O Jovem Ahmed" ("Le Jeune Ahmed", no título original), distinguido no ano passado em Cannes, é o último filme da dupla e conta a história de um jovem radicalizado que tenta apunhalar um professor; um exercício de ficção que recentemente encontrou reflexo na vida real em França.

Thierry [Frémaux] está a lutar para trazer as pessoas de volta às salas de cinema, para esta experiência coletiva de escuridão. E nada faria mais sentido do que fazê-lo aqui, nesta cidade dos Lumière, onde tudo começou
Thomas Vintenberg
Realizador

O Festival Lumière acolheu 23 filmes da Selecção Oficial de Cannes 2020, que este ano não teve exibições. entre eles a mais recente longa-metragem "Another Drunk", de Thomas Vinterberg, já premiado em San Sebastián e Londres.

O realizador destaca que "este festival é particularmente importante neste momento, porque as pessoas estão refugiadas nos próprios sofás, e o Thierry [Frémaux] está a lutar para trazer as pessoas de volta às salas de cinema, para esta experiência coletiva de escuridão. E nada faria mais sentido do que fazê-lo aqui, nesta cidade dos Lumière, onde tudo começou."

De volta à cidade-berço do cinema, mas com os olhos postos no futuro, o festival fez a antestreia de "Slalom", da realizadora francesa, também selecionada em Cannes, Charlène Favier, para quem "ter o telefonema de Thierry Frémaux a anunciar a selecção oficial é algo de absolutamente estraordinário para um primeiro filme. Dá um certificado de qualidade que nos torna um pouco mais legítimos".

A primeira longa-metragem da realizadora é filme semi-autobiográfico sobre assédio sexual no desporto, escrito anos antes do movimento #MeToo, que conta com a participação de Jérémie Rénier, outro dos atores revelados pelos irmãos Dardenne,

Tal como nos outros anos, a dupla vencedora seguiu a tradição e assinou uma adaptação do primeiro filme da história, realizado pelos irmãos Lumière, a famosa "Saída da fábrica Lumière", com a sua Rosetta a partir de mota, à saída dos portões.

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